Anterior | Índice | Próxima

'Junk Mail' une humor negro e violência

Agência Folha 13/11/97 17h27
Do Rio de Janeiro

Exibido pela última Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ''Junk Mail'', que estréias nesta sexta no Espaço Unibanco de Cinema de São Paulo, não é inovador. Suas qualidades nascem de um equilíbrio entre o chamado cinema de arte e o entretenimento. O filme tem uma narrativa às vezes arrastada. Longas sequências sem diálogos são essenciais para criar a atmosfera de curiosidade e, principalmente, ansiedade que move os passos do protagonista.

O curioso personagem principal é carteiro em Oslo e leva uma vida miserável. E a cidade norueguesa nunca esteve tão miserável no cinema. Tudo se passa nos bairros mais pobres, próximos aos trilhos que cortam a capital.

Um dos prédios pequenos e caindo aos pedaços que proliferam na área é o cenário principal. Nele mora uma garota misteriosa, que um dia esquece seu molho de chaves na caixa do correio. O carteiro não resiste à tentação de entrar no apartamento da mulher.

Não há maldade na invasão. Ele não rouba nada, apenas age como um adolescente, cheirando roupas nos armários, bisbilhotando o álbum de fotos, comendo algumas guloseimas na cozinha...
O carteiro gosta da brincadeira, faz uma cópia da chave e passa a frequentar o apartamento quando a mulher sai para trabalhar. O diretor Pal Sletaune sabe conduzir o filme com fluidez, tornando o espectador cúmplice do invasor.

A brincadeira toma tons mais dramáticos quando o carteiro escuta recado na secretária eletrônica e descobre o envolvimento da mulher com um crime. Completamente e platonicamente apaixonado, ele passa a acompanhar seus encontros com um tipo suspeito, provável parceiro dela.

O simplório carteiro acaba envolvido com um psicopata, um moribundo no hospital, uma prostituta enfurecida, uma sacola de dinheiro, dois brutamontes que pretendem surrá-lo e, claro, sua amada, que continua nem sabendo da existência dele.

Com doses de humor negro e violência, ''Junk Mail'' parece um filme dos irmãos Coen dublado em norueguês. Para reforçar a semelhança com o cinema independente americano, o ator principal (o ótimo Robert Skjerstad) é a cara de Tim Roth, figurinha carimbada dos filmes de Quentin Tarantino e seus colegas.

Foi essa geração americana que criou nova cara para os filmes independentes, preocupados também com o sucesso comercial. ''Junk Mail'' segue a cartilha. O filme estará em cartaz nesta sexta no Espaço Unibanco 2, em São Paulo. (Por Thales de Menezes)



Anterior | Índice | Próxima



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo
desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,
sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.