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BMG lança pacote de 6 CDs de Bezerra da Silva
Agência Folha 07/03/2000 16h41
Em São Paulo
PAULO VIEIRA
especial para a Folha
Sem maiores explicações, a BMG despeja no mercado seis CDs do pernambucano Bezerra da Silva, presumíveis 62, intérprete preferencial da barra-pesada do morro e objeto de culto por parte de alguns conjuntinhos de pop music.
É cerca de um quarto do conjunto da obra e compreende, com lacunas, os anos 80 (o disco da antológica “A Semente”, de 87, por exemplo, ficou de fora). A década, em sua segunda metade, é a primeira época de ouro do pagode, quando Zeca Pagodinho se impõe nas FMs e Bezerra ultrapassa as fronteiras do morro.
Homenagem
O pacote afirma a caguetagem como o grande tema de Bezerra, com os compositores com quem trabalha _alguns discos acumulam 24!_ escrevendo sempre nessa direção. O eixo de sua poética é a diferença do otário (corujão, língua-nervosa, língua-de-tamanduá, dedo-de-anzol, dedo-seta), que “dá de bandeja os irmãozinhos para o delegado”, para o malandro (cadeado). Até Judas Iscariotes é arrolado, citado como traidor. Membro, portanto, do primeiro grupo.
Duas homenagens ao traficante Escadinha aparecem (algo que voltaria a acontecer em 1998, no disco “Eu Tou de Pé”). O hoje presidiário e compositor de rap é lembrado sempre como pessoa benéfica ao Morro do Juramento. A recente polêmica em torno de Marcinho VP talvez valesse algumas composições do pessoal do Dona Marta. Não consta, contudo, que Bezerra ande recebendo letras de sambistas da zona sul.
Discos: “Produto do Morro”, “Malandro Rife”, “É Esse Aí Que É o Homem”, “Alô Malandragem, Maloca o Flagrante”, “Violência Gera Violência”, “Eu Não Sou Santo”, de Bezerra da Silva
Gravadora: BMG Brasil
Quanto: R$ 20, em média, cada CD
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