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Participação brasileira é a melhor desde 1970

da Folha de S.Paulo 10/05/2000 09h35
em Cannes

Há 30 anos o Brasil não emplacava uma representação tão forte em Cannes. São cinco títulos selecionados, quatro na seleção oficial e um na mostra paralela Quinzena dos Realizadores, além de 13 longas no mercado.

Foi em 1970 que o cinema brasileiro conseguiu pela terceira e última vez ter dois longas selecionados para a disputa da Palma de Ouro. Os escolhidos foram “Azyllo Muito Louco”, de Nelson Pereira dos Santos, e “O Palácio dos Anjos”, de Walter Hugo Khouri.

O feito acontecera pela primeira vez em 1954, no sétimo festival, mas em condições heterodoxas. Representaram então o Brasil “O Canto do Mar”, de Alberto Cavalcanti, mas também uma produção internacional, “Naked Amazon”, dirigida por Zygmunt Sulistrowski. Essa dupla representação nacional é assim reconhecida pelo volume histórico oficial de celebração dos 50 anos do festival, “Cannes Memories”.

A edição de 1964 marcou a consolidação internacional do cinema novo. Dois títulos basilares do movimento concorreram à Palma de Ouro: “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos, e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha.

O Brasil voltaria a destacar-se em 1982, mesmo sem concorrer à Palma dos longas. A animação “Meow”, de Marcos Magalhães, participou da disputa de curtas, ficando com o segundo prêmio (o Prêmio do Júri).

No mesmo ano, o longa “Das Tripas Coração”, de Ana Carolina, esteve na mostra paralela “Um Certo Olhar”. Além disso, o pioneiro Humberto Mauro (1897-1983) foi homenageado por um ciclo especial com três de seus filmes e dois documentários curtos a ele dedicados por Alex Viany e David Neves.

As décadas de 60 e de 80 registraram as mais marcantes participações nacionais no evento. Entre 1960 e 1969, nada menos que oito longas brasileiros concorreram à Palma de Ouro.

Um deles a conquistou: “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, no primeiro triunfo de uma cinematografia periférica na história do festival.

Um pouco abaixo ficou a marca do período entre 1980 e 89. Seis longas brasileiros, três dos quais dirigidos por Carlos Diegues (“Bye Bye Brasil”, “Quilombo” e “Um Trem para as Estrelas”), disputaram a competição oficial. Os prêmios mais importantes foram para interpretações.

Em 1985, William Hurt foi escolhido como melhor ator por seu desempenho na co-produção Brasil-EUA “O Beijo da Mulher Aranha”, de Hector Babenco. No ano seguinte, por “Eu Sei Que Vou Te Amar”, Fernanda Torres dividiu o prêmio de melhor atriz com Barbara Sukova (“Rosa Luxemburgo”).

Outras produções nacionais foram reconhecidas nas premiações oficiais. Em 1953, “O Cangaceiro” de Lima Barreto levou o Prêmio Internacional para Filme de Aventura, com menção especial para a música.

“O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” valeu a Glauber Rocha o prêmio de melhor direção em 1969, empatado com o tcheco Vojtech Jasny (“Todos Bons Cidadãos”). Por fim, novamente Glauber conquistou em 1977 o Prêmio Especial do Júri para curtas-metragens com “Di”.

A derrocada do cinema nacional nos anos 90, a partir do desmonte do aparato estatal de fomento à produção pelo governo Collor, em 1991, explica a participação apenas pontual na história mais recente de Cannes.

As projeções mais marcantes foram de “O Cinema de Lágrimas”, de Nelson Pereira dos Santos, em 1995, abrindo a comemoração do centenário do cinema pelo festival, e de “Coração Iluminado”, de Hector Babenco, dentro da competição oficial de 1998. (AL)

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