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Norma Bengell filma autobiografia a partir de novembro

Da Agência Folha 13/07/98 17h37
Em São Paulo

Pela primeira vez, Norma Bengell, 63, se preocupa em obedecer à risca uma regra, que se auto-impôs, além da sugerida pelo próprio nome: levar às telas em setembro de 99 o filme 'Norma'', 'ficção de tons autobiográficos'', como a atriz define, em fase de pré-produção e captação de recursos. Com orçamento de 'não mais de R$ 3 milhões'', a vida da atriz -que encarnou o primeiro nu frontal do cinema brasileiro e levantou polêmica há cinco anos ao beijar na boca o então presidente Itamar Franco- começa a tomar forma a partir de 9 de novembro, em Paris.

As filmagens continuam em Roma, Rio e São Paulo. Do início como modelo da Casa Canadá e vedete, nos anos 50, à direção de filmes como 'Eternamente Pagu'' e 'O Guarani'', 'Norma'' divide a vida e a carreira da atriz em três protagonistas, Cláudia Lira -confirmada para interpretar Bengell na trama-, Adriana Esteves e Patrícia Pillar, em fase de negociação. O roteiro é do norte-americano Syd Field e da brasileira Julia Abreu.

Banida de Belo Horizonte, em 1966, pela Associação de Donas-de-Casa de Minas Gerais, por conta do nu de 'Os Cafajestes'', a 'mulher mais desejada do Brasil'' nos anos 60 -nas palavras de Jece Valadão- já foi sequestrada, namorada de Alain Delon, casada de improviso num estúdio, parceira sexual de Mick Jagger em videoclipe e protagonista de beijo em Itamar Franco.

Inspiradora de 'praias, sertões e amazônias'', segundo Glauber Rocha, Norma Bengell nasceu no Rio em 1935. Filha única de um imigrante alemão, iniciou carreira nos anos 50, como modelo. Depois, tornou-se vedete de shows de Carlos Machado, na casa noturna Night & Day, quando foi descoberta por Ruy Guerra para contracenar ao lado de Oscarito, em 'O Homem do Sputnik'' (59). Por 'O Pagador de Promessas'' (62), foi contratada pelo produtor Dino de Laurentis, que a levou para o cinema italiano com 'O Mafioso''.

Além da entrada na Europa, 'O Pagador'' acabou rendendo a Bengell uma lembrança menos lisonjeira de Anselmo Duarte. Em seu livro 'Adeus, Cinema'', o cineasta afirma ter transado com a atriz para ela 'não ir embora'' do filme. No fogo cruzado, Bengell rebateu dizendo que 'preferiu se apaixonar por Alain Delon'', ator que conheceu em Cannes, também em 62. Dois anos depois, casou-se no estúdio da Vera Cruz, durante as filmagens de 'Noite Vazia'', com o ator Gabriele Tinti (morto em 92), em altar improvisado por Walter Hugo Khouri. O relacionamento acabaria oito meses mais tarde.

Em 68, ano em que encenou a peça 'Cordélia Brasil'', de Antônio Bivar, em São Paulo, foi levada ao Rio por três homens do 1º Batalhão Policial do Exército, onde foi interrogada por cinco horas sobre 'a subversão na classe teatral''. Mais uma vez no terreno da polêmica, em 84 a atriz afirmou ter feito 16 abortos por ser 'um saltimbanco por escolha''. No mesmo ano, filmou com Mick Jagger o videoclipe da música 'She"s the Boss'', em que fazia o papel de 'fazendeira decadente e autoritária''.

Além de atriz de teatro, cinema e novelas como 'Partido Alto'', da Globo, Bengell ainda gravou discos como 'Norma Canta Mulheres'', produzido por Guilherme Araújo.


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