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Livros pretendem mostrar a face oculta de John Lennon

30/05/2000 08h47
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
da Folha de S.Paulo, em San Francisco

LÚCIO RIBEIRO
da Folha de S.Paulo

Imagine. O ex-beatle John Lennon, o maior ícone da música pop de todos os tempos, o bacharel da paz mundial, marido e pai devotado e fervoroso defensor da macrobiótica, também acumulava adjetivos conflitantes como machista, violento, egoísta, ocioso, bissexual, adúltero, pai ausente, entregue a drogas e álcool.

A faceta oculta do ex-líder do grupo de rock mais famoso do mundo vem à tona em duas polêmicas obras que chegam às livrarias dos EUA, “Nowhere Man -The Final Days of John Lennon”, de Robert Rosen, e “Lennon in America”, de Geoffrey Giuliano.

O primeiro livro sai agora em junho, lançado pela editora Soft Skull Press, conhecida pela linha editorial ousada. O segundo, nas lojas desde abril, é da Cooper Square Press. Ambas as editoras são praticantes do chamado punk literário: publicam os livros que grandes editoras rejeitam.

As duas obras enfocam o período mais misterioso da vida de Lennon: a fase americana da vida do ex-beatle, da chegada a NY, em 1971, até sua morte, em 1980. “Nowhere Man” e “Lennon in America” dizem-se baseados nos famosos diários secretos de John.

Robert Rosen, autor de “Nowhere Man”, afirmou à Folha que teve acesso aos diários meticulosamente mantidos pelo ex-beatle, os quais descrevem um sujeito desestimulado e ocioso. E dado a acessos de fúria quando algo não corria a seu contento.

Os originais dos diários foram depois roubados da casa de Rosen, dando início a uma trama cheia de peripécias, que inclui até uma reunião com Yoko dentro de um banheiro.

“É o Watergate do rock”, diz Rosen, em alusão à espionagem que levou à renúncia do presidente Richard Nixon.

Já Geoffrey Giuliano afirma que versões fotocopiadas dos diários chegaram a suas mãos por meio de um amigo. Biógrafo contumaz dos Beatles, Giuliano compôs “Lennon in America”, segundo ele, com as fotocópias dos diários mais 16 anos de pesquisa, que incluem entrevistas com pessoas íntimas da banda e membros da família de Lennon.

“Lennon in America” afirma que o cantor teria tido relações sexuais com a própria mãe, Julia, quando garoto em Liverpool. Pouco? O livro narra uma aventura de John com a então mulher do ex-parceiro Paul McCartney.

A noite com Linda McCartney teria ocorrido em 1969, durante as gravações do álbum “Abbey Road”, quando John resolveu visitar o amigo beatle. Paul havia discutido feio com Linda e não estava em casa. Algum vinho e muita cocaína depois, Lennon e a senhora McCartney, garante Giuliano, acabaram na cama.

“Nowhere Man” e “Lennon in America” chegam no “pacote Lennon” de 2000, época para lembrar os 30 anos do final dos Beatles e os 20 anos da morte de John.

Em setembro, na Inglaterra, é lançada a “The Beatles Anthology”, tida como a biografia “definitiva” do grupo, em que surgem muitas verdades sobre seu final. Entre elas, a de que foi John, e não Paul, quem acabou com a banda.

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