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Mostra de artes plásticas percorre paixão de Antonio Dias

CELSO FIORAVANTE 30/05/2000 09h08
da Folha de S.Paulo

Rejubile-se espectador. Antonio Dias está de volta à cidade. Radicado há décadas na Alemanha, em Colônia, o artista plástico itinerante _nasceu em Campina Grande (PB), cresceu no Rio e hoje divide-se entre Milão, Colônia e Rio_ apresenta a partir de hoje, na galeria Luisa Strina, seis novas telas. São poucas, é verdade, mas suas qualidades técnicas conferem-lhe suficiente intensidade.

Realizadas em tinta acrílica, pigmentos naturais, cobre e ouro sobre tela, as obras possuem suas particularidades. Elas não são, por exemplo, planas e retangulares, mas sim compostas por telas e chassis sobrepostos, encaixados ou unidos lateralmente. Com isso elas ganham volumes distintos e ocupam espaços pouco ortodoxos.

Na verdade, trata-se de uma mostra bem discreta, composta por seis variações sobre o mesmo tema: a pintura, técnica na qual ele é um maioral.

“Essa sobreposição de tintas, pigmentos e telas mostra como o meu trabalho se organiza, camada sobre camada. Todo o meu trabalho discute essa questão de peles e escamamentos”, diz.

Os trabalhos, porém, vão além de questões técnicas e estilísticas pessoais do artista. Ao sobrepor unidades geométricas (quadrados e retângulos), Dias transforma as telas em quase-cruzes cuja admiração não é óbvia ou pré-determinada por dogmas. São cruzes estilizadas que o artista tem prazer em carregar. “Esse trabalho parece mais livre, mas ele se baseia em uma unidade, o quadrado, e na sobreposição de camadas”, disse.

O caráter litúrgico da pintura de Antonio Dias se manifesta ainda na combinação de cores, como o azul e o dourado, tão presente em ícones russos e mosaicos bizantinos, e nas imagens que cria na tela. Apesar de não-figurativas, essas imagens parecem as marcas de um sudário, visões que insistem em vir à tona sem nunca abrir mão de seu enigma.

Redescobrimento

Dias também tem obras na Mostra do Redescobrimento, em cartaz no parque Ibirapuera. São obras de sua fase político-pop (anos 60) e conceitual (anos 70).

Apesar de bem escolhidas, a forma de apresentação das obras não agrada ao artista.

“Não gosto de toda a organização do módulo de arte contemporânea, que mostra uma versão da arte brasileira de 20 anos atrás. É uma mostra velha. A confirmação disso é que as fundações Guggenheim e Gulbenkian escolherão obras de fora daquele contexto”, disse.

O quê: Mostra “Antonio Dias” (seis pinturas)
Onde: galeria Luisa Strina (r. Padre João Manuel, 974A, Jardins, em São Paulo)
Vernissage: hoje (terça-feira), às 19h
Quando: de segunda a sexta, das 10h às 20h; sábado, das 10h às 14h
Quanto: de US$ 35 mil a US$ 45 mil
Informações: 0/xx/11/280-2471

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