BNDES ainda espera leiloar Vale na sexta

Governo apressa entrega de documentos ao STJ

Agência Folha/AJB 01/05/97 20h37
Do Rio de Janeiro e de Brasília

Vale O vice-presidente e diretor de Privatização do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), José Pio Borges, disse nesta quinta-feira (1) que o banco está preparado para, "a qualquer momento", realizar o leilão da Vale do Rio Doce.

A intenção, de acordo com ele, é conseguir promover o leilão na sexta -três dias após a data inicialmente marcada. "Não depende de nós, mas do ministro Demócrito Reinaldo, do Superior Tribunal de Justiça", afirmou Borges. O departamento jurídico do BNDES enviou à Advocacia Geral da União, em Brasília, o restante dos documentos relativos a todas as ações que correm no país contestando a venda da Vale.

O ministro Demócrito Reinaldo, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), disse nesta quinta-feira que será muito difícil chegar a uma decisão sobre a ação do governo no caso da Companhia Vale do Rio Doce antes da próxima segunda-feira.

Em Brasília, o ministro do Planejamento, Antonio Kandir, também disse que o governo mantém a data do leilão para sexta. "O governo está em estado de leilão", disse o ministro. Kandir afirmou que, se não houver uma definição da Justiça, o governo vai mudar a data do leilão para segunda-feira.

De acordo com Kandir, a edição de sexta do Diário Oficial da União traz um novo comunicado à Bolsa de Valores do Rio de Janeiro de fato relevante, em que remarca o leilão da Vale para as 10h.

Novo
edital

A avaliação do governo é a de que o leilão pode ser realizado até a semana que vem sem a necessidade de um novo edital de privatização. Uma possível demora na decisão judicial, contudo, preocupa o governo. "Se houver uma decisão rápida, não teremos prejuízos graves porque na semana passada já prevíamos a possibilidade de um atraso de alguns dias", avaliou Kandir.

O lançamento de um novo edital atrasaria o leilão da Vale, marcado inicialmente para 29 de abril, em pelo menos 45 dias. A previsão de um novo edital foi feita pelo próprio presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luiz Carlos Mendonça de Barros.

Kandir não quis, porém, comentar a posição do ministro do STJ, que acha muito difícil tomar uma decisão nesta quinta sobre o pedido de liminar para a ação de conflito de interesse. "Vai haver a convocação formal do leilão", anunciou. O ministro do Planejamento ressaltou, porém, que o governo vai aguardar a decisão da Justiça para realizar o leilão.

O ministro informou que parte dos documentos autenticados que foram pedidos pelo ministro Demócrito Reinaldo chegou a Brasília na quarta-feira. O departamento jurídico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a equipe da Advocacia Geral da União também passaram o dia de hoje trabalhando. Todos os outros documentos seguirão sexta-feira para Brasília.

Kandir e a diretoria do BNDES fazem na sexta uma reunião "on line", simultaneamente em Brasília e no Rio, para discutir a possibilidade de um novo edital de privatização. "Faremos uma avaliação minuciosa sobre o prazo porque não há uma posição definitiva sobre o edital", disse o ministro Antônio Kandir.

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