BNDES cria vigilância para evitar novas liminares contra venda da Vale

Advogados estão de plantão em todo o país

AJB 27/04/97 19h58
de São Paulo

A luta pelo controle acionário da Companhia Vale do Rio Doce chega ao seu segundo round. O advogado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em São Paulo, Arnaldo Montenegro, deve entregar amanhã, ao Tribunal Regional Federal (TRF), um recurso redigido durante o final de semana pela equipe jurídica do banco, pedindo a anulação da liminar concedida na sexta-feira, pela 6ª Vara de Justiça Federal, que suspende o leilão de privatização da Vale.

No entanto, a realização da venda da estatal ainda não está garantida. Isso porque uma nova liminar pode ser concedida, suspendendo novamente o leilão. Para se prevenir, a equipe de advogados do BNDES vai ficar de plantão em todo o país. O departamento jurídico do banco estará atento para tentar derrubar qualquer nova liminar que possa barrar a realização da venda da estatal.

Na avaliação do diretor de Investimentos do Citibank, Luis Eduardo de Assis, até a hora da realização do leilão, marcada para às 10h de terça-feira;, haverá uma corrida judicial entre os que são contra a venda da estatal e os que são a favor de sua privatização. "Tudo pode acontecer. Até a concessão de uma liminar no mesmo instante da realização da venda", afirmou.

Reunião - Apesar de o trabalho até o início do leilão estar mais concentrado nos ombros dos advogados, o consórcio Valecom não descansou no final de semana. Antônio Ermírio de Moraes, líder do consórcio Valecom, esteve reunido no sábado, na sede do grupo Votorantim, no centro de São Paulo, com seus auxiliares. O encontro foi mantido em sigilo pela segurança do prédio, que negava até a presença do empresário na sede do grupo.

Funcionários têm esperança

Os funcionários da Companhia Vale do Rio Doce ainda têm esperanças de que o leilão da empresa não seja realizado. "Esse leilão é uma farsa", afirmou Luiz Carlos Vieira, diretor da Associação dos Funcionários da Vale (Aval). Segundo Vieira, o leilão da Vale está sendo montado para que o consórcio liderado pelo Votorantim-Anglo American seja o vencedor.

"O consórcio da CSN está apenas fazendo o jogo do governo", disse Vieira, referindo-se à extensão do prazo de pré-qualificação dos consórcios interessados na compra da Vale na última quinta-feira de 16h para 18h30.

Já o diretor-financeiro da Associação Esportiva da Vale do Rio Doce (Aerd), Genarino Berardinelli, acha que o governo Fernando Henrique está vendendo um "patrimônio nacional". Mas, se houver o leilão, Berardinelli, que é funcionário da Vale desde o ano de sua fundação, em 1942, acredita que o vencedor será o consórcio liderado pela Votorantim.

"Entre os dois consórcios, sou mais favorável ao do Antônio Ermírio de Moraes", disse. O diretor da Aerd disse que, se a Vale realmente for privatizada, torce para que seja dirigida pelo ex-conselheiro de Administração da Vale Internacional, Eliezer Batista.

Por Fernando Neves