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Brasil importará mais carros argentinos

Agência Folha 27/04/97 18h21
Do Rio de Janeiro

Por Denise Chrispim Marin, Enviada especial
As concessões que o governo brasileiro fez hoje à Argentina no setor automotivo podem contribuir para aumentar ainda mais o déficit da balança comercial neste e nos próximos anos.

O acordo prevê a seguinte proporção: a cada dois veículos argentinos que entrem no Brasil -fora das exigências do regime automotivo até o final de 1999-, apenas um carro brasileiro poderá ser exportado para o país vizinho sob as mesmas regras.

O acordo foi firmado hoje pelo presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e pelo presidente da Argentina, Carlos Menem, no Rio. No total, quatro montadoras argentinas -Peugeot, Toyota, Renault e Chrysler- poderão exportar para o Brasil cerca de 61 mil automóveis até 31 de dezembro de 1999. A data marca o fim da validade dos regimes automotivos de ambos os países.

Levando em conta o valor médio de US$ 10 mil para cada veículo, as importações de carros argentinos chegariam a US$ 610 milhões nesse período. As exportações teriam o limite de US$ 310 milhões, o que indica um déficit de igual valor.

Nos outros temas comerciais, as negociações terminaram com quatro vitórias para o Brasil e uma para a Argentina -que deve somar mais duas, que ainda dependem de decisão do Congresso Nacional. Continua em aberto a questão do açúcar, produto que a Argentina protege da concorrência com o Brasil por ser estratégico para a sobrevivência da região produtora.

O Brasil conseguiu reduzir os entraves para a exportação de café, têxteis e pneus para o país vizinho. Também convenceu os argentinos a diminuírem a alíquota do imposto de exportação de couros.

A Argentina teve êxito na discussão sobre as suas vendas de lubrificantes -um tema ainda polêmico- e deverá conseguir facilidades para suas exportações de vinhos e medicamentos.
(Por Denise Chrispim Marin, Enviada especial)


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