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Coréia do Sul volta a preocupar analistas econômicos

AP 28/05/98 17h54
De Seul (Coréia do Sul)

Seis meses depois do primeiro choque para combater a crise financeira que varreu o sudeste asiático, a Coréia de Sul encontra-se de novo com problemas. A Bolsa de Valores fechou nos níveis mais baixos dos últimos 11 anos, o desemprego é o maior em 12 anos, a economia está em retração, com acúmulo de débitos, e a taxa de suicídio dobrou, acusando mais de 20 casos diários. "Passamos por um túnel, mas agora estamos entrando em outro", admitiu Chung Duck-koo, vice-ministro das Finanças, referindo-se à segunda fase de recuperação do país.

Na primeira etapa, em dezembro, o governo resolveu a crise da moeda aceitando um generoso empréstimo do Fundo Monetário Internacional, renegociando sua dívida externa e vendendo bônus. Agora, investe no combate à origem de todos os problemas, tentando remodelar um sistema econômico ultrapassado. Especialistas do FMI dizem que tudo caminha como já era previsto, mas os investidores estão cada dia mais impacientes. "Reestruturação? Não posso dizer que a bola esteja rolando", disparou Anthony Moon, analista da HG Asia Ltd., em Seul.

Os analistas culpam os principais atores sociais - trabalhadores, homens de negócio, banqueiros e autoridades. Um ano depois da crise que detonaram, os conglomerados sul-coreanos -os chaebol- estão longe de operar uma ampla reforma. Apenas alguns empreenderam mudanças substanciais, outros anunciaram a formação de joint ventures ou a venda de ações para atrair capital. "É interesse deles, sob o ponto de vista político, aparentar progresso", disse Richard Samuelson do SBC Warburg Dillon Read Securities. "Mas a realidade é outra", denuncia.

As reformas no sistema bancário - ou o fim da concessão de empréstimos sem lógica - pareciam capazes de forçar a reestruturação das corporações. Mas com a sua própria sobrevivência ameaçada, o setor continua injetando capital em companhias com poucas esperanças de dar certo. "Temos de nos manter céticos", avaliou Samuelson.


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