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Réplica da Jules Rimet vai a leilão em Londres

Agência Folha 10/07/97 19h58
de Londres

Vai a leilão na sexta-feira na Sotheby's, em Londres, uma réplica exata da taça Jules Rimet, usada durante o final da década de 60 para "enganar" potenciais ladrões.

A réplica passou a ser usada a partir de 1968, sendo apresentada como a original em cerimônias e eventos promocionais da Fifa (entidade que dirige o futebol).

Jogadores ouvidos pela Folha de S.Paulo não descartam a possibilidade de que a réplica tenha sido usada na cerimônia de premiação da Copa do Mundo de 1970, no México.

"Já vi tantas réplicas perfeitas da taça que eu não duvido de nada", afirmou o capitão da seleção brasileira de 1970, Carlos Alberto Torres, que levantou o troféu após a vitória sobre a Itália, na partida em que a equipe conquistou o tricampeonato mundial.

Segundo avaliação da casa de leilões Sotheby's, a peça deve atingir cerca de USŸ 35 mil. Segundo o ex-jogador Rivelino, que também jogou no time campeão de 70, "o leilão não deveria acontecer sem uma consulta ao Brasil, que é o dono da taça."

A verdadeira Jules Rimet foi roubada pela primeira vez em 20 de março de 1966, quando estava em uma exposição no centro de Londres. A Inglaterra foi a sede da Copa do Mundo naquele ano.

Para devolver a taça, os ladrões pediram 15 mil libras esterlinas, em notas de 1 e 5 libras.

A nota com o pedido do resgate foi entregue em um pacote, junto com a parte superior da Jules Rimet, na sede do clube Chelsea, na região oeste de Londres. Por causa do roubo do troféu, uma nova taça em ouro foi encomendada, com urgência e em segredo, pela Federação Inglesa de Futebol à ourivesaria Alexander Clarke, da capital britânica.

O contato com os ladrões foi feito, e um agente da polícia britânica encontrou um dos envolvidos no sequestro, Edward Betchley, em um parque de Londres. Depois de apresentar uma pasta com o resgate -notas falsas-, o agente seria levado por Betchley ao local do esconderijo.

No caminho, Betchley percebeu que o carro estava sendo seguido e tentou fugir. Preso, se recusou a indicar cúmplices ou o local onde estaria o troféu.

A Jules Rimet só foi recuperada sete dias depois, quando um cachorro vira-lata farejou algo em arbustos perto da casa de seu dono, David Corbett.

Corbett recebeu 5.000 libras de recompensa pelo achado de seu cão, Pickles.

Com a taça recuperada, a federação suspendeu a encomenda de um troféu de ouro e ordenou a fabricação de uma réplica em outro material, mas que só pudesse ser diferenciada da original por meio de avaliação técnica.

"Era engraçado observar na televisão ou em jornais as imagens da Jules Rimet exposta em ocasiões importantes, vigiada por seguranças armados, enquanto pessoas importantes a admiravam", escreveu William Bird, que ficou com a posse da taça depois que ela deixou de ser utilizada. Bird morreu no ano passado e a taça está sendo vendida por seus familiares. (Paulo Henrique Braga)


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