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Técnico líder do Brasileiro prioriza marcação

Por Carlos Alberto de Souza 15/08/97 17h16
Agência Folha
De Porto Alegre

Líder invicto do Campeonato Brasileiro, o Internacional está revelando para o país, além de bons jogadores, como o artilheiro Christian, o técnico Celso Roth, mentor do futebol coletivo praticado pelo time, que dá prioridade à marcação sem usar de retranca.

''Um time começa sempre por uma grande consistência defensiva, atingida pelo Inter'', disse Roth, 39, que foi preparador físico de Luiz Felipe Scolari, quando o atual técnico do Palmeiras treinou o Grêmio pela primeira vez, em 1987.

Cabeça-de-área de carreira fugaz no Juventude, de Caxias do Sul, onde nasceu, Roth é pós-graduado em educação física e começou a carreira de técnico ''empurrado'' por Scolari, quando os dois foram para o Al Kadissia, do Kuait, em 88. Roth cuidou dos juniores.

No exterior, o técnico do Inter ainda trabalhou no Qatar e Emirados Árabes e comandou a seleção da Indonésia em uma temporada de treinamentos em Paris (França). Recomendado pelo ex-craque Paulo Roberto Falcão, fez também uma espécie de estágio na Roma, clube da capital italiana.

Em 93 e 94, Roth treinou os juniores do Internacional, cuja equipe de profissionais é a primeira importante que dirige em sua carreira, que inclui passagens por clubes do interior gaúcho -Brasil, de Pelotas, e Caxias, de Caxias do Sul- e catarinense -o Juventus, de Rio do Sul.

A contratação de Roth pelo Inter, em dezembro passado, não agradou à torcida, que esperava um nome consagrado. O desempenho do time no primeiro semestre não foi bom, embora tenha conquistado o Campeonato Gaúcho. Roth esteve por cair, chamado de ''burro'' por torcedores.

O presidente Pedro Paulo Zachia, acostumado às frequentes trocas de técnicos nos últimos anos, que resultaram infrutíferas, resolveu manter Roth, que desde que assumiu o cargo defendeu a necessidade de tempo para o trabalho surtir efeito.

O rendimento da equipe colorada, que busca o quarto título do Campeonato Brasileiro (venceu em 1975, 76 e 79), surpreendeu o próprio técnico. ''Esperava que o time atingisse o equilíbrio mais no final do ano'', disse Roth, que sempre ressalva que a equipe ''tem limitações técnicas''.

Segundo ele, que apostou no cabeça-de-área Anderson, antes um jogador contestado, e escalou com acerto o meia Enciso na lateral-direita, o time está ''sedimentando a organização tática''.

Roth disse que a ''consistência defensiva'' da equipe, que ele vê ''como um todo e não dividida em partes'', exige ''uma marcação muito forte''. Retomada a posse de bola, a ordem é usar a velocidade.

Conforme Roth, a ''consistência defensiva permite o aparecimento de individualidades técnicas'', que contribuíram para que o Inter entre em campo sábado para enfrentar o Fluminense com o retrospecto de cinco vitórias, três empates, 15 gols marcados e 7 sofridos no campeonato.

O segredo do sucesso do Internacional não deve ser buscado apenas no desempenho da equipe dentro de campo. Medidas administrativas, como o pagamento em dia dos salários, antes quase sempre atrasados, ajudam a explicar a boa fase do time.

''Salário em dia é uma coisa básica'', disse o técnico Celso Roth, que também elogia a atuação do coordenador técnico João Paulo Medina, responsável pela introdução de novos métodos de trabalho no Beira-Rio.

Quando foi contratado no final do ano passado, Medina elaborou um relatório que indicava até a presença de ratos e baratas no refeitório do estádio. Propôs mudanças que começaram a ser implantadas para modernizar o clube, entre as quais a informatização do departamento de futebol.

Roth, graças à assessoria da psicóloga Regina Brandão, indicada por Medina, dispõe do perfil psicológico dos jogadores. ''Sei quem é colérico, fleumático e sanguíneo'', disse o treinador, que, com esse instrumental, encontra mais facilidade no relacionamento com os atletas.

O técnico diz tolerar, por exemplo, incursões noturnas a bares e boates de jogadores como Arílson e Fabiano, admitidas pelos jogadores. ''São jovens, têm direito de se divertir, mas não têm direito de cometer excessos. A disciplina é fundamental''.


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