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Atlético-MG goleia Lanús e é surrado na Argentina

Por Paulo Peixoto 07/11/97 18h09
Agência Folha
De Belo Horizonte

O Atlético-MG goleou o Lanús por 4 a 1 na noite de quinta-feira na região metropolitana de Buenos Aires (Argentina) e foi espancado por jogadores e alguns torcedores após a primeira partida da final da Copa Conmebol.

O estádio do Lanús se transformou em um verdadeiro campo de batalha. Os jogadores e a comissão técnica atleticana ficaram revoltados com a atitude dos jogadores argentinos, que foram denunciados à polícia local.

Pelo menos quatro atleticanos sofreram ferimentos mais sérios. O técnico Emerson Leão sofreu cortes no rosto e está com suspeita de fratura do osso malar (osso da maçã do rosto). Ele poderia ser operado ainda sexta-feira, tão logo o time retornasse de Buenos Aires -a previsão de chegada era para o início da noite.

Outro jogador que preocupou muito o departamento médico foi o lateral Dedê, que recebeu uma pancada na nuca e desmaiou. Os volantes Doriva e Roberto receberam socos e pontapés não apenas dos jogadores, mas também dos torcedores.

''É um time de mau caráter, como todos da Argentina, que me desculpem os outros, mas é a realidade'', disse após a partida o meia Jorginho, que foi a primeira vítima da agressão do Lanús.

Segundo o meia, após o final da partida, ele tentou pegar a bola para comemorar a goleada e teria sido agredido e perseguido pelo zagueiro veterano Ruggeri -durante a partida, Ruggeri já havia tentado acertar um pontapé em Jorginho.

Ele correu em direção ao túnel de lona que dá acesso aos vestiários, mas foi perseguido pelos jogadores argentinos, que encurralaram o meia e ainda o volante Doriva, o lateral Dedê e o técnico Leão, que o tentavam proteger.

A partir daí o que se viu foram cenas de pura violência. Vários jogadores do Atlético, encurralados entre o túnel e a tela que divide as arquibancadas, foram surrados com socos e pontapés. Outros apanharam com paus, como foi o caso do zagueiro Sandro Blum.

O volante Roberto foi o que mais apanhou da torcida do Lanús. Ele foi prensado na tela por um jogador argentino que lhe bateu pela frente, enquanto alguns torcedores o chutavam por trás, do outro lado do alambrado.

O time mineiro só conseguiu sair de campo horas depois do final da partida. O time foi para a delegacia de Lanús denunciar a agressão sofrida, enquanto Leão foi para um hospital para ser radiografado.

Todo o time do Atlético reclamou muito da atuação da polícia, que, segundo os jogadores, não entraram em ação. Somente após vários minutos de pancadaria mais policiais chegaram ao gramado para interceder.

''Foi uma covardia o que fizeram com o nosso time, que apenas jogou futebol. É lamentável. O brasileiro vem aqui e apanha pra caramba. Lá (no Brasil) eles sempre são bem tratados'', disse Doriva.

''A gente ganha e para chegar em casa, para chegar à família, tem que apanhar. Os argentinos são covardes'', disse o goleiro Taffarel.

O atacante Marques afirmou que os argentinos apelaram em função do bom futebol apresentado pelo Atlético. ''Eles são muito ruins. A gente deu um chocolate neles, e eles partiram para a briga.''

A diretoria do clube mineiro, segundo a sua assessoria, estava aguardando a chegada da delegação para estudar medidas contra o Lanús. O clube, entretanto, disse esperar da Confederação Sul-Americana uma dura punição ao time argentino.

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