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Olodum desfila em Salvador sem Caetano
Chuva não atrapalha apresentação do Galo no Recife
Agência Folha 08/02/97 13h37
De Salvador, de Recife e de Curitiba
O bloco afro Olodum desfilou na madrugada deste sábado (8) pelo centro
histórico de Salvador e arrastou uma multidão por quase 8 km, do
Pelourinho ao Campo Grande. Apesar da animação, o Olodum estava
desfalcado: o cantor e compositor Caetano Veloso e sua mulher, Paula
Lavigne, que não perdem a saída do bloco há anos, não apareceram. O
motivo da ausência foi o nascimento do segundo filho do casal, Tom, há
duas semanas.
Como já é praxe, o Olodum deveria sair do Pelourinho às 22h, mas houve
atraso de 90 minutos. Os tambores da banda começaram a esquentar os
foliões por volta das 23h. Vestidos com mortalhas amarelas e pretas que
homenageavam artistas que dedicaram a vida à Bahia -como o fotógrafo
Pierre Verger e o compositor Batatinha (que já morreram), além de
Caetano Veloso- os integrantes do Olodum deram um colorido diferente às
ruas do centro.
Ao contrário de blocos afro como o Ilê Ayiê e o Malê de Balê, que só
aceitam negros, o Olodum mistura turistas com moradores do Pelourinho
(onde fica a sede do bloco) e usa carro de som semelhante ao dos trios
elétricos. Já os percussionistas do Ilê e do Malê seguem todo trajeto a pé,
misturados aos foliões. As inovações do grupo foram alvo de críticas, mas
vários blocos afro tiveram de fazer a mesma opção para continuar
existindo. É o caso do Ara Ketu, que há três anos aceita não-negros no
bloco e tornou o som afro bem mais pop.
Carla Perez frustra foliões da Bahia
Lula Marques/Folha Imagem
Débora, parceira de Carla Perez no grupo É o Tchan, dança sozinha em Salvador | O segundo dia oficial do Carnaval de Salvador foi marcado por outro
imprevisto. A dançarina Carla Perez, do grupo É o Tchan, não desfilou na
noite de sexta-feira no bloco As Acadêmicas, frustrando os cerca de dois
mil foliões que pagaram 250 reais para comprar o abadá (fantasia) do
grupo.
O cantor Beto Jamaica, do É o Tchan, comunicou aos associados do bloco
que Carla Perez teria ido ao Rio de Janeiro para participar do desfile da
escola de samba Salgueiro. A assessoria de imprensa do conjunto
confirmou essa versão.
Pela programação oficial do Carnaval, a dançarina ainda deveria desfilar,
logo depois, no bloco Bizú, comandado pela rainha da axé music, Daniela
Mercury.
Na noite de quinta-feira, o grupo Timbalada também não se apresentou,
devido a um problema no gerador de energia do trio elétrico, comandado
pelo percussionista Carlinhos Brown.
Galo da Madrugada atrai 1 milhão para o centro de Recife
O centro de Recife (PE) ficou tomado na manhã deste sábado por milhares
de foliões que seguiam o bloco do Galo da Madrugada, principal atração
do Carnaval pernambucano. O trajeto do desfile é de cerca de 4 km. A
estimativa dos organizadores do bloco era de que o desfile se estendesse
até o final da tarde.
O Galo foi "puxado" por 30 trios elétricos, que só tocavam frevo, uma das
características da agremiação. O bloco surgiu em 1978. Em seu primeiro
desfile somente 75 pessoas participaram. Hoje, a diretoria estima que o
Galo reúne aproximadamente um milhão de pessoas. Segundo o Guinness
Book, o livro dos recordes, o Galo é o maior bloco carnavalesco do
mundo.
Entre os foliões mais famosos do bloco está o ministro do Meio Ambiente,
Gustavo Krause. Este ano, embora se recuperando de dengue, o ministro
esteve na concentração do Galo e acompanhou o início do desfile.
Centenas de pessoas realizaram uma "vigília carnavalesca" de mais de dez
horas no forte das Cinco Pontas, local de concentração do Galo da
Madrugada. Os foliões atravessaram a noite de ontem e a madrugada de
hoje aguardando o tradicional toque dos clarins, que há 19 anos anuncia o
início do desfile. A chuva que começou a cair às 5h não espantou as
pessoas.
A festa reservava duas surpresas em relação ao desfile de 96. Este ano, o
boneco do galo gigante, montado na avenida Guararapes, no meio da
ponte sobre o rio Capibaribe, iria "cantar" pela primeira vez. Um sistema
de som foi instalado no interior da estátua pela prefeitura. A outra novidade
do desfile é a participação de 36 bonecos gigantes articulados,
representando personagens típicos do Carnaval, como pierrôs e
colombinas.
Escola de samba formada por evangélicos desfila em Curitiba
Os 300 integrantes da escola Bom À Beça, fiéis de 12 denominações
evangélicas, desfilarão neste sábado, em Curitiba (PR), com a missão de
converter foliões pecadores. Com o enredo "A História de Dois Reinos", a
escola pretende mostrar a guerra entre Deus e o diabo para as 50 mil
pessoas que devem acompanhar o desfile.
A escola sai com 15 alas, três carros alegóricos e estandartes com trechos
bíblicos. Os evangélicos prometem surpresas: cordões de fiéis em frente às
arquibancadas, rezando, na passagem da escola. A comissão de frente será
formada por cerca de 20 fiéis. Serão serafins e querubins tocando
trombetas e anunciando a chegada de Deus na avenida.
O primeiro carro leva símbolos da escola: a Bíblia, a Cruz e o Peixe. Trará
as cores oficiais da escola: azul-royal e o amarelo. Outra surpresa promete
ser a madrinha da bateria. "Nossa madrinha será decente", disse o pastor
Alvo Waldow. Manifestações de sensualidade são condenadas.
"Desfilamos sem mostrar o corpo ou rebolar", diz Tatiana Federige, 24,
porta-bandeira e membro da Igreja dos Irmãos Menonitas.
A divisão paranaense da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil
(OMEB), formada por pastores, distribui um manifesto condenando a
participação de evangélicos no Carnaval.
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