Nenê, Vai-Vai, Rosas de Ouro e X-9 são preferidas

Desfile do grupo especial terminou às 8h deste domingo

Agência Folha 09/02/97 17h59
De São Paulo

Carnaval Nenê de Vila Matilde, Vai-Vai, Rosas de Ouro e X-9 são as mais fortes candidatas ao título do desfile do grupo especial de São Paulo, que começou às 21h de sábado e terminou às 8h deste domingo. A Nenê, última escola a entrar na passarela, às 6h45, defendeu o enredo "Narciso Negro" e foi a grande surpresa do desfile.

Com pouco espaço na mídia antes do Carnaval, a escola teve uma passagem sem atropelos, com o samba sendo cantado o tempo todo pelo público. No fim do desfile, um grupo de cerca de 50 pessoas seguiu a escola, que pode quebrar um jejum de 11 anos sem vitória. O último título da Nenê foi em 1985.

Os sambas-enredo da X-9 e da Vai-Vai também foram muito cantados pelo público. A X-9 (sétima colocada em 1996) foi a terceira escola a desfilar e trouxe o enredo "Amazônia - A Dama do Universo". A escola exibiu muito luxo, demonstrado principalmente pelo ótimo acabamento dos carros alegóricos e a grande quantidade de cores na passarela. Mas uma falha no equipamento de som pode acabar com o sonho do título. Segundo a escola, passados apenas 50 dos 65 minutos de desfile, o sistema de som interrompeu o samba da X-9 e passou a tocar o tema da Gaviões, escola que desfilou em seguida. "Os componentes pensaram que o tempo estava acabando e apressaram o passo, comprometendo a harmonia e a evolução", afirmou o presidente da escola, Laurentino Marques.

A Vai-Vai fez um desfile digno de uma escola que tenta o bicampeonato, empurrada em grande parte pela sua torcida, que só perde em tamanho para a da Gaviões da Fiel. A escola levantou o Sambódromo com o samba-enredo "Liberdade Ainda que Vai-Vai", uma homenagem a Minas Gerais.

A Rosas de Ouro não teve o samba cantado pelo público, mas o desfile preencheu todos os quesitos. A escola surgiu compacta e evoluiu sem problemas, apesar de ter desfilado com o maior número de componentes: 4.200. Com fantasias luxuosas e muitos efeitos especiais, como fogos de artifício e neon, a escola desenvolveu bem o enredo "São Paulo, Capital Mundial da Gastronomia", conquistando o público no final.

Mocidade Alegre e Gaviões
decepcionam fãs

Duas escolas apontadas como favoritas antes do desfile de São Paulo, iniciado na noite de sábado, decepcionaram seus fãs no Sambódromo e se afastaram da briga pelo título. A Mocidade Alegre, que homenageou o responsável pelas vinhetas da TV Globo, Hans Donner, não conseguiu contagiar o público. O principal problema foi o samba, que não tinha nenhum refrão forte.

As principais estrelas do desfile foram Valéria Valenssa e Hans Donner, que fez questão de desfilar no chão. Donner concordou que o desfile não empolgou o público. Mas ele acha que esse é o preço que a escola paga por ter feito um "desfile revolucionário".

A Gaviões, segunda maior escola, com 4.100 componentes, sofreu justamente pelo tamanho. Teve problemas de evolução, passou correndo no final e cravou o desfile no tempo máximo permitido: 65 minutos. Além do excesso de componentes, falhas na dispersão dificultaram o desfile da torcida.

Primeira escola a desfilar, a Águia de Ouro, da Pompéia, é a mais cotada a ser rebaixada para o Grupo 1. Mesmo com um samba de refrão forte, a Águia fez o desfile menos empolgante das dez escolas que passaram pelo Sambódromo. O confuso enredo "Siyau-Yu - do Grão Sagrado do Passado à Esperança do Futuro" não conseguiu empolgar os cerca de 2.500 componentes da escola.

O próprio presidente da Águia, Sidnei Antonio Carrioulo, concordou que o desfile foi fraco e que dificilmente a escola permanecerá do grupo de elite. "Por problemas no equipamento de som, o retorno da bateria estava atrasado. Isso amarrou a harmonia e a evolução. A escola não decolou", justificou Carrioulo. Dê notas para as escolas na Enquete do Universo Online.

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