Objeto explosivo causou acidente com avião da TAM

Única vítima fatal foi enterrada em São José dos Campos

Agência Folha/AJB 12/07/97 09h00
De São Paulo

  • Veja as fotos do acidente
  • O acidente, passo a passo
  • Velório de passageiro da TAM reúne cerca de 300 pessoas
  • Bagagem de vítima era celular, notebook e papéis, diz sócio
  • Vôos da TAM nesta quinta tiveram 80% da lotação preenchida
  • TAM vai à Justiça contra entidade norte-americana
  • TAM promete indenização à família de empresário
  • Acidente com avião da TAM mata um em SP

    Mapa
    A perícia já não tem mais dúvidas: foi a explosão de um objeto que provocou o acidente com o Fokker-100 da TAM na quarta, quando fazia o trajeto Vitória (ES)-São José dos Campos (SP)-São Paulo. A explosão abriu um buraco de 3 metros de largura por 1,5 m de altura na fuselagem do avião que sugou para fora o empresário Fernando Caldeira de Moura Campos, 38, única vítima fatal do acidente.

    O objeto que explodiu estava colocado embaixo da poltrona 18-D do avião. O próximo passo será determinar se o explosivo tinha origem industrial. A polícia trabalha ainda com as três possibilidades: um passageiro embarcou com o objeto sem saber que era explosivo; ele pode ter embarcado com o objeto sabendo que era explosivo mas não tinha intenção de provocar nenhum acidente; o passageiro teria cometido um atentado terrorista.

    As investigações sobre o caso estão sendo conduzidas pelo Ministério da Aeronáutica, auxiliado pela Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil e pelo esquadrão antibombas do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar). Já foram ouvidos cinco passageiros, que pouco acrescentaram.

    A explosão, quando o avião estava a 2.400 metros de altitude, provocou uma despressurização repentina do avião. O engenheiro Fernando Caldeira de Moura Campos foi projetado para fora do Fokker. Caiu a uma velocidade estimada em 100 metros por segundo. O impacto de seu corpo contra o solo abriu um sulco na terra de um metro de profundidade.

    O corpo do empresário foi enterrado nesta quinta, às 10h, no cemitério Horto São Dimas, em São José dos Campos (SP). O velório aconteceu durante toda a noite na igreja Cristã Evangélica, no centro da cidade. A família não quis falar sobre a possibilidade de ele ter sido vítima de um atentado. Campos adorava voar e achava o avião o meio de transporte mais seguro, tanto que já havia trabalhado na Embraer durante 9 anos. Ele viajaria nesta quinta com a mulher e as duas filhas (de 6 e 8 anos) para Fortaleza, aproveitando prêmio pelo programa de milhagem da TAM.

    O avião, prefixo PT-WHK, fez um pouso de emergência no Aeroporto de Congonhas, dez minutos após a explosão. Uma das hipóteses é a de atentado a bomba. Foram encontrados vestígios de elementos químicos perto do rombo na fuselagem. Passageiros relataram que sentiram cheiro de queimado, mas o cadáver de Campos, segundo a autópsia, não trazia sinais de queimadura.

    Segundo os técnicos a despressurização não poderia ter provocado a explosão, como se chegou a pensar. O avião estava a uma altitude muito pequena para que um efeito semelhante pudesse ocorrer.

    O Ministério da Aeronáutica divulgou nota recomendando que sejam intensificadas as medidas de segurança nos aeroportos brasileiros. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar a explosão e reteve o cadáver do engenheiro para tentar esclarecer a explosão. O resultado da investigação sai em 90 dias. Uma falha estrutural do avião é a hipótese menos provável, porém não completamente descartada pelas autoridades.

    A TAM foi a única companhia área brasileira reprovada no item segurança em um relatório de uma associação internacional de passageiros. A pesquisa foi feita em 206 empresas de 107 países. No Brasil, Vasp e Transbrasil foram consideradas as mais seguras, com nota 100. A TAM obteve 45 na avaliação da entidade, sediada nos EUA. Nesta quinta, a TAM anunciou que vai entrar na Justiça contra a entidade.

    © AJB

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