Temperatura em SP é a maior em 12 anos

Termômetros marcaram 35,2°C; no Rio, temperatura chegou a 38,4°C

Agência Folha 11/11/97 19h48
De São Paulo

A cidade de São Paulo registrou às 16h desta terça-feira 35,2°C, a maior temperatura medida pelo 7º Distrito do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) na capital paulista nos últimos 12 anos. A marca desta terça é apenas 0,1°C menor do que o recorde histórico da cidade, de 35,3°C, registrado em novembro de 1985. O calor excessivo aumentou a evaporação de água e provocou uma inesperada ''chuva de verão'' no final da tarde em São Paulo.

No Rio, a temperatura máxima ficou em 38,4°C, a maior verificada na primavera, iniciada em 22 de setembro. O índice foi medido no bairro de Bangu (zona oeste do Rio), considerado o mais quente da cidade.

O Inmet faz medições na capital paulista desde 1943. O dado desta terça foi coletado à sombra no mirante de Santana (zona norte da cidade), uma região com topografia elevada e arborizada -condições que são atenuantes do calor.

No centro da cidade, onde há muito concreto e asfalto, a temperatura, segundo o Inmet, pode ter sido até cinco graus mais alta, chegando até os 40°C. ''As temperaturas deverão continuar elevadas amanhã e é possível que haja novas quebras de recorde nos próximos dias'', disse Ernesto Alvin, meteorologista do Inmet.

Ele creditou o calor excessivo desta primavera -desde domingo o Inmet vem registrando temperaturas máximas acima dos 30°C- à influência do fenômeno El Niño (aquecimento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico). Segundo Alvin, o El Niño está dificultando a chegada de frente frias do sul do continente, que trazem chuvas e amenizam o calor, à cidade de São Paulo. Está prevista chegada de uma frente fria entre quinta e sexta desta semana.

O meteorologista Fábio Luiz Teixeira Gonçalves, da USP (Universidade de São Paulo), disse que não é justo creditar a culpa do calor apenas ao El Niño. ''Esses veranicos são comuns em novembro mesmo em anos sem El Niño.''

Cuidados

De acordo com o médico pneumologista Hélio Romaldine, da Escola Paulista de Medicina, não há perigo em se praticar esporte em dias quentes de sol. ''O ideal, no entanto, é que o exercício ao ar livre seja feito antes das 7h e depois das 20h.''

O pneumologista afirma que, entre esses horários, a poluição na cidade de São Paulo aumenta a ponto de agravar doenças respiratórias, como asma e bronquite, e causar irritações em quem não tem problemas dessa natureza.

''Se não há como fugir da poluição em São Paulo, tente ficar o mais longe possível do centro'', diz Romaldine. ''Se for inevitável, o ideal é buscar ambientes bem ventilados.'' Para quem já está com irritação, o médico aconselha um gargarejo com água à noite e algumas gotas de soro fisiológico no nariz.

Outras cidades

Oficialmente, a máxima no Rio foi de 38,4°C, mas relógios instalados em vários pontos da cidade, que também medem a temperatura, chegaram a registrar mais de 40 graus no início da tarde. Na praça da Bandeira (zona norte), um relógio oscilava entre 40 e 41 graus por volta das 14h25. O calor na cidade deve continuar na quarta, pela previsão do Instituto de Meteorologia.

Em São José dos Campos (97 km de São Paulo), a temperatura máxima chegou a 36°C, atingindo o índice registrado nos dois dias mais quentes do ano na cidade até agora. Segundo o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), a mesma temperatura foi registrada também nos dias 9 de setembro e 15 de outubro.

O Cepagri (Centro de Pesquisa e Ensino em Agricultura) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, registrou às 15h, 35,4 °C em Campinas (99 km de São Paulo). A umidade relativa do ar, no mesmo horário, foi de 38,7%. Segundo o diretor do Cepagri, Hilton Silveira Pinto, na segunda-feira a temperatura máxima foi de 36 °C e a umidade chegou a 28%.

Em Ribeirão Preto (319 km de São Paulo), a temperatura chegou aos 38°C, segundo o serviço de meteorologia da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária). Apesar de a máxima desta terça ter sido mais alta que a registrada na segunda (35°C), o dia não foi o mais quente do ano até agora. Ribeirão teve seu dia mais quente em outubro, quando a máxima chegou a 42°C. Foi a maior temperatura na primavera nos últimos dez anos.


 

   
Pesquise em outras páginas através do Radar UOL

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo
desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,
sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.