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Veredicto deve sair no sábado

Brasil Online 24/01/97 23h37
Do Rio de Janeiro e de São Paulo

Patrícia Santos/Folha Imagem
Juiz Juiz José Geraldo Antônio (à esq.) ao lado do advogado de defesa, Paulo Ramalho
O julgamento do ator Guilherme de Pádua, acusado de matar a atriz Daniella Perez, entrou na noite de sexta-feira (24) na fase de debates. Nesta fase, uma das mais importantes do julgamento, a acusação e a defesa têm tempo para expor suas posições e pedir a condenação ou absolvição do réu. A previsão é de que o julgamento termine no sábado.

O promotor José Muiñoz Piñero abriu a fase de debates às 22h30. Piñero tem duas horas de prazo. O advogado de defesa, Paulo Ramalho, terá a palavra pelo mesmo tempo. Em seguida, a promotoria tem meia hora para a réplica e a defesa, mais meia hora para a tréplica.

Logo em seguida, o juiz José Geraldo Antônio deve solicitar ao sete jurados tirem suas dúvidas para, em seguida, se reunir e dar o veredicto. Pádua é acusado pelo assassinato da atriz Daniella Perez, em 28 de dezembro de 1992. Ele acusa sua ex-mulher Paula Thomaz, que será julgada em outra data.

Na tarde desta sexta, terceiro dia do julgamento, os jurados assistiram a vídeos e transparências preparados pela defesa e pela acusação, com reportagens sobre o crime. Após essa fase, irão acontecer os debates entre os dois advogados. O julgamento de Guilherme de Pádua entrou em seu terceiro dia.

A primeira testemunha a ser ouvida foi o ex-frentista Antonio Clarete de Moraes, na quinta. Ele confirmou que removeu manchas de sangue no banco e no vidro traseiros do carro de Guilherme de Pádua na noite do crime, em dezembro de 1992. Os promotores não fizeram perguntas a Clarete. O advogado de defesa, Paulo Ramalho, pediu que a fala do ex-frentista fosse enquadrada como falso testemunho.

Também foram ouvidos o frentista Flávio de Almeida Bastos e o advogado Hugo da Silveira. Flávio confirmou que viu Guilherme dar um soco em Daniella Perez. Já o advogado, que anotou a placa do carro do ator, disse que a mulher dele, Paula Thomaz estava no local do crime.

Guilherme pode
ser absolvido

Uma estratégia de alto risco do Ministério Público e o descuido de uma testemunha colocaram em risco na quarta o julgamento de Guilherme de Pádua, primeiro acusado da morte da atriz Daniela Perez. Uma entrevista por telefone da senadora Benedita da Silva, testemunha da acusação, quebrou o princípio da incomunicabilidade das testemunhas, obrigatório por lei, obrigando o juiz José Geraldo Antônio a abrir mão do depoimento da senadora.

O libelo acusatório -pedido de acusação feito pelos promotores-, só permite a condenação de Guilherme como autor dos golpes que mataram a atriz. Se o júri aceitar a versão de Guilherme, o ator será absolvido, restando ao MP o pedido de anulação do julgamento. Esta, segundo Paulo Ramalho é a única pergunta a que os jurados vão responder: se Guilherme foi autor dos golpes que matou a atriz.

Na hipótese de o júri entender que foi realmente Paula a única autora dos golpes que mataram Daniella, Guilherme será absolvido, mas tem grandes chances de enfrentar um novo julgamento. "Os promotores não vão deixar de entrar com recurso em caso de absolvição de Guilherme", avalia o advogado criminalista Alexandre Dumans, ex-presidente do Conselho Penitenciário da Secretaria de Justiça.

Guilherme confessou a participação do crime, mas não admite ser o autor dos golpes que mataram Daniella. Neste caso, por uma questão técnica, os jurados podem absolver o ator, uma vez que em seu pedido de condenação, os promotores não previram a hipótese de Guilherme ter apenas participado do crime. Na visão de advogados criminalistas, houve uma aposta alta de ambos os lados. Um jogo de tudo ou nada.

As pessoas que assistem ao julgamento de Guilherme no plenário do 1° Tribunal do Júri reagiram surpresos à nova ameaça de Paulo Ramalho de adiar o julgamento, como ele já havia feito na véspera. A novelista Glória Perez e Artur Lavigne, assistente de acusação, deixaram às pressas o plenário.

Pálida e amparada por Lavigne, Glória se manteve muda durante o trajeto até um táxi, na Rua Dom Manuel. Irritado, Lavigne queria insistir no depoimento da senadora alegando que a testemunha, segundo a lei, não poderia se manifestar a respeito do julgamento e não foi o que ela havia feito ao conceder a entrevista. Lavigne classificou a atitude de Paulo Ramalho como mais um jogo de cena.
Com informações de Agência Folha e AJB

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