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Novelista quer leis mais rigorosas para assassinatos

AJB 25/01/97 20h53
Do Rio de Janeiro

A novelista Glória Perez deixou o prédio do 1° Tribunal do Júri com o jeito de quem sai de uma batalha. Carregando um broche com a foto da filha e aparentando cansaço, ela classificou o veredicto como satisfatório, dentro do possível. "É o que prevê a Justiça brasileira. Infelizmente, não existem leis para punir o assassinato no Brasil", disse.

Glória não deixou de demonstrar que estava indignada com a atuação do advogado de defesa de Guilherme de Pádua, Paulo Ramalho, e ao ser cumprimentada por ele, após o veredicto, virou as costas. Depois do julgamento, ela só queria descansar - "estou há três dias sem dormir".

Ela vai se preparar agora para a segunda batalha de sua luta, o julgamento de Paula Thomaz. "A verdade foi resgatada. Os jurados reconheceram a crueldade e as mentiras do assassino. Mas a Paula Thomaz é tão culpada quanto o Guilherme", opinou.

- O que a senhora achou da sentença recebida por Guilherme de Pádua?

- Ela foi sábia, porque evita um novo julgamento para este assassino. Se não, essa confusão não iria acabar nunca. Nós também temos a possibilidade de recorrer da sentença, mas eu ainda vou conversar sobre este assunto com o advogado. A nossa decisão só deve sair daqui a uns dois dias.

- O veredito foi justo?

- Dentro do possível, foi. Por outro lado revelou que não existem leis para punir o crime de assassinato no Brasil. Eu agora estou lutando pela reformulação do Código Penal Brasileiro. Eles (Guilherme e Paula) deveriam pegar a prisão perpétua, até para não matarem mais ninguém, não fazerem mais nenhuma vítima. A lei brasileira, no entanto, não prevê isso.

- Qual foi o saldo do julgamento?

- A verdade foi resgatada. Os jurados reconheceram a barbaridade, a crueldade e a mentira do assassino, apesar de todas as mentiras inventadas pela defesa. Acho que esta foi uma pena exemplar, que vai servir para orientar outros julgamentos de crimes bárbaros como este. É uma pena máxima moral; tem uma força moral muito grande.

- A defesa já declarou que a grande divulgação do caso influenciou no resultado...

- O cara matou minha filha diante de 100 milhões de pessoas na novela das oito e queria que ninguém notasse? Quem fez júri na mídia foram eles. Inventaram qualquer coisa e não levaram uma prova do que disseram.

- A senhora reprova o comportamento do advogado Paulo Ramalho?

- Eles fizeram um circo. Se não é a mão firme do juiz, este julgamento não tinha acontecido.

- O que a senhora pretende fazer agora?

- Hoje, preciso muito descansar. Estou há três dias sem dormir por causa dessa batalha e não devo sair de casa.

- E como fica o julgamento de Paula?

- Ela é tão culpada quanto ele. Os dois mataram a minha filha juntos. O julgamento do Guilherme de Pádua foi a primeira etapa. Agora vamos partir para a segunda, o da Paula. Vou manter a mesma disposição e mobilização dos amigos para condená-la.