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Cerqueira diz que diretor da Human Rights é 'alienígena'

Agência Folha 08/04/97 17h08
Do Rio de Janeiro

O secretário de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Nilton Cerqueira, disse nesta terça-feira que o diretor no Brasil da Human Rights Watch/Americas, James Cavallaro, é um ''alienígena'' e não tem representatividade para falar da polícia do país. Cerqueira criticou o teor do relatório produzido pela ONG (organização não-governamental), que tem sede nos Estados Unidos e apontou números da violência de policiais de sete capitais brasileiras. O relatório foi divulgado nesta terça.

Em entrevistas separadas, Cerqueira e Cavallaro trocaram acusações. Cavallaro criticou a política do governo de gratificações e promoções de policiais pela prática de supostos atos de bravura. Segundo Cavallaro, dos 92 incidentes apurados pela ONG nos quais os policiais envolvidos foram premiados pela Secretaria de Segurança, ''morreram 72 pessoas e seis policiais''. Cavallaro afirmou que, em ''mais de 80%'' desses casos, não foram ouvidas pelo menos duas testemunhas insuspeitas, para que houvesse a garantia de que os mortos pela polícia eram bandidos. ''É muito fácil dizer, depois de matar alguém, que era bandido. Ainda mais quando se tem apenas a versão da polícia'', disse Cavallaro. Para ele, essas premiações estimulariam a violência policial.

Cerqueira ficou irritado com as declarações de Cavallaro. ''Não reconheço legalidade nem representatividade nessa associação'', disse. O assessor-técnico do secretário, coronel Milton Correa da Costa, disse que os 72 que morreram em supostos confrontos com a polícia ''eram bandidos''. Segundo Cavallaro, sua ONG não defende traficantes de drogas e bandidos. ''O lugar de bandido é na cadeia. Mas, esse também é o lugar do bandido fardado.''



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