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Corregedoria aponta indício de crime militar no Rio

Agência Folha 10/04/97 19h14
Do Rio de Janeiro

A Corregedoria da PM (Polícia Militar) concluiu haver indícios de que os seis policiais flagrados espancando moradores da favela de Cidade de Deus, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), cometeram crime militar. O relatório com a conclusão das investigações da Corregedoria foi recebido nesta quinta pela promotoria da Auditoria Militar do Rio.

Com base no relatório e nas imagens do vídeo gravado por um cinegrafista amador e exibido no ''Jornal Nacional'', da Rede Globo, a promotora Gizelda Teixeira pretende denunciar na sexta os seis PMs. Ela deverá acusá-los da prática de até seis diferentes crimes. O juiz Marcius Ferreira, da Auditoria Militar, disse que, assim que receber a denúncia, decidirá se haverá ação penal (processo) contra os PMs.

As agressões a pelo menos 11 pessoas ocorreram na madrugada de 23 de março, quando seis PMs do 18º BPM (Batalhão de Polícia Militar) realizaram blitz na Cidade de Deus. Um morador da favela filmou os espancamentos em fita de vídeo, divulgada no início da semana.

Os depoimentos dos PMs também serviram como base do relatório do corregedor. O major Álvaro Rodrigues Garcia confirmou ter chefiado a ação e identificou, nas imagens, cada um de seus comandados. Quatro acusados (sargento João Carlos Barbosa, cabo Geraldo Antônio Pereira e soldados Marco Aurélio da Silva e Aldair Ferreira Menezes) disseram ter participado de uma operação na Cidade de Deus naquele dia, mas negaram ter agredido moradores.

A Corregedoria não conseguiu ouvir testemunhas e vítimas. O oficial enviado à favela chegou a convencer três moradores a depor, mas eles faltaram aos interrogatórios marcados. Os seis PMs estão presos.



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