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Atentados: hospital no Rio pede agilidade da polícia

AJB 14/12/97 17h05
Do Rio de Janeiro

A direção e toda a equipe médica do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), se reúnem amanhã, às 9h, com o governador Marcello Alencar, o secretário de Segurança Pública, general Nílton Cerqueira, o chefe de Polícia Civil, Manuel Vidal, e o superintendente da Polícia Federal, Jairo Kullman. Apavorados com os dois atentados nos últimos quatro meses, contra o ex-diretor João Ricardo Piloto e o chefe da Radiologia, José Luiz Madrid, os médicos irão pedir maior agilidade nas investigações. "A polícia testou várias hipóteses, levantou suspeitos, mas não conseguiu prova material para incriminar ninguém", disse o diretor-geral do hospital, Walter Mendes.

O ambiente no hospital ficou mais tenso desde quarta-feira, quando o chefe da Radiologia foi ferido com um tiro no pescoço, na Via Dutra, ao sair do hospital. O médico, que teve morte cerebral constatada horas depois do atentado, está internado na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Municipal Miguel Couto. "O clima no hospital está péssimo. Todo mundo fica achando que será a próxima vítima. Se as ameaças continuarem, até eu saio do hospital", desabafou Walter Mendes, que acumula o cargo com o de subsecretário Estadual de Saúde.

O encontro com as autoridades foi marcado na sexta-feira, depois de uma tensa reunião do diretor com seus chefes de equipe. Muito assustados, todos ameaçaram pedir demissão. "É um absurdo que a gente perca os profissionais de melhor qualidade. Estamos sendo alvejados porque estamos trabalhando bem", acredita Walter Mendes.

Uma das hipóteses da polícia é a de que os atentados estejam relacionados com a recuperação do hospital. A eficiência no atendimento estaria retirando pacientes de clínicas particulares da Baixada. "Não temos a menor idéia do que aconteceu. Nem mesmo se há uma relação entre os dois crimes. Que poder tem um chefe da Radiologia para sofrer um atentado?", questiona o diretor da cooperativa do hospital que reúne 800 profissionais, Hélio Laterman. A cooperativa, que reúne auxiliares de enfermagem, enfermeiras, técnicos e 290 médicos de diferentes especialidades, conseguiu aumentar os salários dos profissionais e, conseqüentemente, melhorou o atendimento.

O primeiro atentado foi em 15 de agosto. O diretor-geral João Ricardo Piloto, 41 anos, foi baleado quando passava de carro no viaduto João Mush, no Centro de Nova Iguaçu. Quatro tiros acertaram Piloto, atingindo o abdomen, o tórax e a mão direita. A hipótese da polícia era de que o crime estava relacionado às investigações que o diretor vinha fazendo para apurar um esquema de fraudes no hospital. Assustado, poucos dias depois, o médico pediu demissão em caráter irrevogável, sendo substituído pelo subsecretário Walter Mendes.

Até hoje, Piloto sofre as conseqüências do atentado. Cirurgião ginecológico, Piloto ainda não pode voltar às salas de cirurgia porque perdeu movimentos na mão direita, que ainda estão sendo recuperados em sessões de fisioterapia.


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