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Tragédia no
Vôo 402

Investigação do acidente pode durar 90 dias

Agência Folha/AJB 31/10 22h11
De São Paulo

A principal linha de investigação estabelecida pela polícia paulista para apurar as causas da queda do avião da TAM é a suspeita de que uma falha mecânica nas turbinas tenha provocado uma reversão de movimento num dos motores da aeronave. O mesmo defletor que deveria estar fechado no momento da decolagem acabou abrindo - como se estivesse pousando - e impedindo que o comandante arremetesse o avião. Acoplado às turbinas, a peça é conhecida também como reverso e funciona como um freio aerodinânmico para parar o avião na pista.

O delegado Romeu Tuma Júnior, responsável pelo inquérito que vai apurar o caso, vai pedir que a TAM informe detalhadamente as condições de manutenção do Fokker 100. Ele apreendeu as duas caixas-pretas encontradas no local por funcionários da TAM e encaminhou para o Ministério da Aeronáutica. Uma delas contem as últimas conversas do comandante com a torre do Aeroporto de Congonhas e a outra os procedimentos técnicos usados no momento da decolagem.

Dois peritos holandeses deverão acompanhar as investigações sobre as causas do acidente aéreo com o Fokker 100 da TAM. A embaixada da Holanda em Brasília foi informada na tarde de quinta pelo Ministério da Aeronáutica. Segundo o major José Pompeu dos Magalhães Brasil Filho, do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), a fábrica da Fokker e o centro de apuração de acidentes aéreos da Holanda enviarão peritos a São Paulo. O Brasil é obrigado pelo acordo da Organização de Aviação Civil Internacional a informar o acidente ao país de origem do fabricante do avião. Pelo acordo, do qual o Brasil é signatário, a Holanda tem o direito de enviar representantes para acompanhar a apuração.

As caixas duas pretas do avião foram achadas pela TAM. Uma delas grava as conversas da cabine de comando e a outra as indicações do funcionamento do avião. A Aeronáutica investigará a ficha médica, a vida afetiva e fará um laudo psicológico do piloto do avião. Além disso serão analisadas as revisões feitas na aeronave para apurar uma possível falha técnica.

O Ministério da Aeronáutica já deu início às investigações para apurar os fatores que contribuíram para a queda do Fokker 100, da TAM, na manhã desta quinta-feira (31), em São Paulo. A comissão de inquérito foi instalada nesta quinta à tarde e o ministério afirma que somente se pronunciará sobre o caso quando os trabalhos de investigação forem concluídos pela comissão, que tem prazo inicial de 90 dias para a entrega do relatório sobre o caso.

Uma equipe do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), de São José dos Campos (SP), foi enviada a São Paulo para prestar assessoria técnica na apuração das causas do acidente com Fokker. Caso não sejam detectados problemas em uma primeira análise, os motores podem ser levados para o laboratório de destroços do Instituto de Fomento Industrial (IFI), que fica dentro da área do CTA. Segundo Luiz Eduardo Falco, vice-presidente de operações da TAM, o relatório sobre o conteúdo das gravações das duas caixas-pretas do avião deve sair em cerca de um mês. De acordo com ele, esse é o prazo normalmente gasto nesse tipo de investigação.

Falco explicou que uma caixa-preta da aeronave contém as informações sobre as fases do vôo e a outra registra os últimos vinte minutos de diálogo entre o piloto e o co-piloto na cabine. A investigação será feita pelo Serviço Regional de Aviação Civil, o Serac 4, órgão do Ministério da Aeronáutica.

O vice-presidente da empresa disse ainda que o comandante José Antônio Moreno, que pilotava o avião acidentado, tinha cinco anos de experiência no Fokker 100 e 9 000 horas de vôo. Segundo ele, a última manutenção da aeronave foi feita em 15 de outubro (as manutenções devem ocorrer a cada 300 horas de vôo) e a última vistoria, nesta quinta-feira pela manhã, antes do vôo 402.