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Tragédia
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Vôo 402
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Aeroportos centrais são
problema para Infraero
AJB 31/10 20h39
De Brasília, Belo Horizonte e São Paulo
A operação de aeroportos em
áreas urbanas é um dos principais problemas enfrentados
pela Infraero. Os aeroportos normalmente são
construídos longe das cidades, mas a própria existência
do aeroporto acaba desenvolvendo a região. Este ano, a
Infraero iniciou um projeto de modernização de aeroportos
que tem o objetivo de reduzir esse tipo de riscos.
Os dois principais aeroportos do
Rio de Janeiro, Galeão e Santos Dumont, estão em áreas
urbanas, assim como o de Congonhas, em São Paulo. O
mesmo acontece com os aeroportos da Pampulha (Belo
Horizonte) e Salgado Filho (Porto Alegre), assim como em
Recife, Fortaleza, Belém, Goiânia e Salvador.
O Sindicato Nacional dos
Aeroviários diz que praticamente todos os aeroportos de
capitais estão dentro das cidades e aponta um motivo a
mais para preocupação da categoria. "Normalmente
quem trabalha em aeroporto mora perto das pistas. É uma
situação provocada pelos horários de trabalho diferenciados
e pelos baixos salários", diz Francisco Carlos Teixeira,
coordenador nacional do sindicato.
Normalmente as regiões próximas
aos aeroportos são bairros pobres ou de classe média
baixa. Em Brasília, a situação é diferente. O ruído
dos aviões e o risco dos acidentes perturbam os
moradores do Lago Sul, o bairro mais nobre de Brasília.
Apenas uma das pontas da pista do
aeroporto está livre de casas. Mas essa é usada
geralmente para a aproximação e pouso das aeronaves.
Já a cabeceira Norte da pista é isolada por uma área
de segurança, mas logo na decolagem, os aviões sobrevoam
mansões na quadra QI 17 do lago. Como todos os vizinhos
de aeroportos, os moradores da região passam pelo desconforto
de acordar e dormir com o som das turbinas dos aviões
que decolam em direção à região Sul, Sudeste, Norte e Nordeste.
Os pousos geralmente são feitos pela outra extremidade
da pista, com os aviões fazendo a aproximação do aeroporto
sobrevoando a cidade satélite de Samambaia.
Dos três aeroportos centrais das
principais capitais, o da Pampulha é o que apresenta
condições mais críticas de segurança de vôo, segundo
avaliação do presidente da Líder Táxi Aéreo,
comandante José Afonso Assumpção. Como o aeroporto de
Santos Dumont, no Rio, o da Pampulha não possui dois
importantes equipamentos: o Sistema de Aproximação de
Instrumento, mais conhecido pela sua sigla em inglês
ILS, e o radar de aproximação por instrumento, o PAR.
O que torna o Aeroporto da Pampulha
pior, segundo Assumpção, é a sua localização
geográfica, "quase num buraco com obstáculos em
volta". Esses obstáculos, que impedem a instalação
de equipamentos de segurança de vôo, são a barragem da
Lagoa da Pampulha, que fica a cerca de 200 metros de uma
das cabeceiras da pista do aeroporto, e um bairro
populoso que começa a poucos metros da outra cabeceira
da pista. Apesar dessa situação, a Pampulha nunca teve
um acidente grave em seus 51 anos de existência.
Se a Pampulha tivesse o ILS, os
pilotos das aeronaves que decolam no aeroporto poderiam
verificar, nos instrumentos do aparelho, a direção da
pista e o ângulo de descida. O radar localizaria a
posição exata ao avião. A impossibilidade de instalação
desses equipamentos, observa Assumpção, não condena o
aeroporto da Pampulha, nem o de Santos Dumont. Mas
recomanda a sua utilização por aparelhos de menor
porte, o que contraria a tendência dos últimos anos de
aumento das operações de companhias regionais de
aviação nos aeroportos.
"A concentração urbana
abraçou o aerporto da Pampulha", reconhece o
porta-voz do Aeroporto, Ele ressalta, porém, que a legislação
sobre distância e altura das residência em torno da Pampulha
são rigorosamente respeitados. No bairro São Bernardo
só há casas de um pavimento, enquanto em Jaraguá e
São Carlos a altura máxima das construções é de dois andares.
Além disso, acrescenta, os três bairros que circundam a
Pampulha não têm densidade habitacional tão elevada
quanto a área em volta do aerporto de Congonhas.
A falta do ILS e do PAR, sustenta a
administração do aerporto, só são imprescindíveis em
condições metereológicas super adversas, com baixa
visibilidade e cerração constante. "Por causa da
ocupação urbana em torno do aeroporto, há mais de 20
anos a Pampulha não apresenta estas condições",
diz o porta-voz do aerporto.
O assessor de Comunicação Social
da Infraero, Mário Leme Galvão, disse que a direção
do órgão não pensa em transferir o Aeroporto
Internacional de Congonhas, localizado numa área densamente
povoada da cidade. "O problema não é a localização,
porque qualquer região em que se instala um aeroporto,
atualmente, acaba tornando-se um centro de crescimento
sócio-econômico", explicou.
A região que circunda o campo da
Vasp - como era conhecida a área há 60 anos - acabou
atraindo a atenção de construtoras que lançaram na
região empreendimentos destinados à classe média,
além de um grande número de negócios (hotéis, restaurantes,
locadoras de veículos, bancos, entre outros).
Galvão enfatizou que aeroportos de
grande porte como o de Tóquio e Washington, por exemplo,
também foram "engolidos" pela expansão
urbana. "O maior aeroporto da América do Sul vai
continuar no mesmo local", disse.
Segundo norma internacional, a
Infraero deve garantir apoio médico em caso de acidentes
que aconteçam num um raio de oito quilômetros em volta
do aeroporto. "Foram mandadas ao local equipes
médicas e um corpo de voluntários de emergência. Todos
os primeiros socorros foram colocados à disposição".
explicou.
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