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Tragédia
no
Vôo 402
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TAM se compromete a 'apoiar' familiares
Agência Folha/AJB 31/10 20h42
De São Paulo
Leia a íntegra do comunicado da
TAM:
"A TAM, profundamente
consternada, cumpre com o triste dever de informar que,
às 8h30min de hoje, dia 31 de outubro de 1996, ocorreu,
lamentavelmente, um grave acidente com uma de suas
aeronaves Fokker - 100, de prefixo PT - MRK, provocando,
infelizmente, a morte de todos os seus 90 passageiros e
de seus 6 tripulantes, e vitimando, fatalmente, de acordo
com informações até o momento confirmadas, 9 pessoas
no solo.
"O trágico acidente ocorreu
quando a aeronave se encontrava em operação de
decolagem da pista 17 R do Aeroporto de Congonhas, desta
Capital, para realizar o vôo nº 402 desta Empresa, com
destino ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
"Em obediência ao que
dispõem as instruções e regulamentos aeronáuticos,
esta Empresa colocou, imediatamente, todos os instrumentos
de controle e registro de vôos dos tripulantes e da aeronave
à disposição dos inspetores e oficiais do Sipaer - Serviço
de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
do Ministério da Aeronáutica, e aguardará a emissão,
dentro dos próximos 30 dias, do relatório oficial com os
resultados e os laudos conclusivos da investigação, que
será efetuada integralmente pelo Sipaer e pelos demais
Órgãos que tratam desse tipo de ocorrência naquele
Ministério.
"Neste doloroso momento, a TAM
se sente na inadiável obrigação de declarar que está
prestando todo e qualquer apoio possível aos familiares
e amigos de todas as lamentáveis vítimas, e a todos
assistirá, em tudo que necessário for, para aliviar a
irreparável dor e o trauma impostos por esse funesto acidente.
"A TAM informa, também, que a
tripulação técnica da aeronave era composta de 2
(dois) experientes pilotos, que desfrutavam de todas as
condições técnicas, e de plena e irrestrita habilitação
para a operação da aeronave acidentada, e informa ainda
que, sobre a mesma aeronave, não havia, absolutamente, registro
precedente de indicação de qualquer defeito técnico.
"Ao mesmo tempo, todo o quadro
de funcionários, colaboradores e dirigentes da TAM
agradece, com emoção, as manifestações de
solidariedade que se está recebendo de toda a parte.
A diretoria"
Vice da TAM lamenta tragédia
O comandante Rolim Adolfo Amaro, o
fundador e presidente da TAM, ficou sabendo do acidente
numa ilha do Caribe, onde estava se recuperando de uma
gripe provocada por virose, numa viagem de negócios aos
Estados Unidos. Impedido de voar, por causa da
indisposição, Rolim ficou muito chocado com a notícia
da queda de um de seus 29 Fokker 100 e avisou que
voltaria o mais breve possível a São Paulo. O vice-presidente
da empresa, Luís Eduardo Falco, assumiu o comando da
operação de resgate e de assistência às famílias das
vítimas.
"Fui ao local da tragédia,
levei minha melhor equipe, tomei todas as providências
que podia tomar, mas não tenho explicações para a
queda do avião", lamentou Falco, depois de fazer
uma declaração formal sobre o que ele e a TAM, uma família
de dois mil funcionários, estavam sentindo.
"Estamos muito sensibilizados, pois a situação é
bastante desgostosa", disse o vice-presidente
operacional e de marketing da empresa. A única
informação concreta de que ele dispunha naquela hora,
pouco depois do meio-dia, era sobre a localização das
duas caixas pretas que permitirão esclarecer a causa da
queda do jato.
Uma das caixas contém os últimos
20 minutos do diálogo mantido pelo comandante José
Antônio Moreno com o co-piloto Ricardo Luís Gomes
Martins, desde que assumiram a cabine do avião até
poucos segundos antes do acidente. Na outra caixa estão
gravados os dados armazenados por 34 computadores de
bordo. "A análise desses documentos não deixará
nenhuma dúvida sobre o que ocorreu", afirmou o vice-presidente
da TAM, acrescentando que a empresa faz questão de
fornecer todas as informações que for possível. "Não
podemos imaginar o que ocorreu e qualquer explicação que
nós déssemos neste instante não passaria de especulação",
observou Falco, que é engenheiro aeronáutico e dispõe
de todos os dados técnicos sobre jato.
Falco elogiou muito o comandante
Moreno que, segundo ele, era um dos profissionais mais
experientes da equipe de 200 pilotos de Fokker 100 da
TAM. "Moreno tinha mais de nove mil horas de vôo,
sendo três mil horas no Fokker 100", disse o vice-presidente.
Também o avião, acrescentou, era um aparelho novo, que
veio direto da fábrica em agosto de 1993. Com cerca de
8,5 mil horas de vôo, o jato estava com o cronograma de
revisões em dia. "Era uma aeronave excelente nas
mãos de uma ótima tripulação", insistia Falco,
para ressaltar que não podia entender por que o avião
caiu, apenas dois minutos depois de decolar da pista do
Aeroporto de Congonhas.
Segundo o vice-presidente da TAM, a
queda do aparelho não tem nenhuma ligação com o fato
de a Fokker Aircraft, a indústria holandesa fabricante
do avião, ter ido à falência alguns meses atrás.
"A montadora que faliu é uma e a mantedenedora, que
continua funcionando, é outra", advertiu Falco,
informando que a TAM tem um estoque de 20 milhões de
dólares em peças de reposição.
A TAM, acrescentou o
vice-presidente, é a empresa autorizada para fazer a
manutenção de toda a linha Fokker na América Latina.
Foi num de seus hangares que o PT-MRK passou pela sua
última revisão, de 250 horas, no dia 15 de outubro.
Falco insistiu que o fechamento, segundo ele temporário,
da Fokker não compromete a segurança dos aparelhos em
vôo. "Os Electra voaram durante 30 anos, sem
problemas sérios, na ponte aérea Rio-São Paulo, apesar
da falência da Lockheed", lembrou o vice-presidente
da TAM.
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