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Tragédia
no
Vôo 402
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TAM garante indenização às
vítimas
BOL 1/11 21h50
De São Paulo
O comandante Rolim Adolfo Amaro,
fundador e presidente da TAM, chegou nesta sexta-feira
(1) a São Paulo às 6h30, depois de pilotar quase a
noite inteira seu jato Cessna Citation, vindo do Caribe.
Às 15h, ele concedeu entrevista coletiva no aeroporto de
Congonhas e afirmou que vai indenizar todas as vítimas
que estavam a bordo do Fokker 100 sem que seja necessário
qualquer iniciativa legal por parte das famílias. As demais
vítimas, que foram mortas fora do avião, deverão
entrar em contato com a TAM para que o caso seja
encaminhado à Unibanco Seguros. A empresa está disposta
a fazer acordo com as pessoas que foram prejudicadas e
não estavam na aeronave.
João Wainer/Folha Imagem |
Comandante
Rolim:
"Faremos tudo para
minimizar a dor das famílias" |
"Faremos tudo para minimizar a
dor das famílias", afirmou o presidente da TAM. O
dinheiro a ser pago aos beneficiários das vítimas não
deverá sair dos cofres da companhia. Isso porque,
segundo a diretoria da empresa, a apólice de seguro feita
pela TAM cobriria todas essas despesas.
O seguro da companhia cobre a
aeronave, as vidas dos passageiros, tripulantes e
terceiros - ele é da ordem de 429 milhões de dólares.
Destes, 29 milhões de dólares são contra danos na
aeronave e o restante contra os danos materiais e pessoais
de terceiros. "O valor é algo próximo a isso e
será mais que suficiente para cobrir quaisquer
prejuízos com o acidente", disse José Rudge,
presidente da Unibanco Seguros.
Na próxima semana, a empresa vai
instalar um serviço de atendimento às vítimas do
acidente. "A intenção é que as pessoas procurem a
TAM de maneira simples, por telefone", explicou o
vice-presidente Administrativo e Financeiro da empresa,
Daniel Mandeli Martim. As indenizações que serão pagas
aos passageiros e tripulantes são reguladas por lei o que,
segundo Martim, facilita o trabalho. No entanto, as indenizações
pagas a terceiros, por danos materiais ou morte, não
possuem um valor fixo. Nesse caso, a indenização é calculada
a partir de um laudo feito por peritos de seguro.
Isso significa que se alguém não
estiver satisfeito com o valor proposto como
indenização poderá entrar na justiça contra a TAM.
"É da natureza das pessoas fazer isso", disse
Rolim. Mesmo assim, ele não teme que a TAM seja
processada. As negociações sobre os valores de
indenizações serão feitas diretamente entre as
famílias e a companhia de seguros.
Quanto às pessoas que perderam
suas casas por causa do choque da aeronave, a TAM afirmou
que elas poderão continuar hospedadas em hotéis da
cidade. O vice-presidente Martim explicou que as despesas
de hospedagem serão pagas até que a TAM indenize todas
as vítimas.
Investigação
Ainda na coletiva à imprensa, o
presidente da TAM ressaltou que o comandante do Fokker
era um dos mais experientes da companhia, tanto ele
quanto o co-piloto estavam com a escala perfeitamente em
dia e só a perícia poderá dizer o que aconteceu com o
avião. Ele destacou que "a TAM não tem nenhum
problema de manutenção" e que "ela é
reconhecida no mundo inteiro pela excelência da
manutenção de seus aviões". O empresário disse
também que somente depois de ter o laudo final da
investigação do acidente é que a empresa vai decidir se
entra com alguma ação na Justiça contra a Fokker, fabricante
do avião que caiu. "Num acidente aéreo não existe
la busca de los culpables; existem lições que nós
devemos tirar para não repetir novamente os mesmos
erros. O que está em jogo são vidas humanas: isso não
tem preço."
Ele não vê problemas na
localização do aeroporto de Congonhas, nas proximidades
do qual houve o acidente, pelo fato de estar em uma área
densamente povoada. "O mundo todo tem aeroportos
centrais. Em Cumbica (o Aeroporto Internacional, na
Grande São Paulo), o acidente também seria uma
tragédia", afirmou. Segundo ele, a tendência é de
que esses aeroportos centrais sejam cada vez mais
aprimorados.
O comandante evitou comentar
possíveis causas do acidente, mas não descartou a
possibilidade de falha em uma das turbinas causada por
eventual interferência nos equipamentos do avião pelo
uso de telefone celular dentro da aeronave. 'No terreno
das hipóteses, tudo é possível. Acho que será rápida
a degravação das caixas-pretas, porque estão
perfeitas. Tudo está gravado lá', argumentou. Ele
também comentou as informações de que a empresa teria
recebido ameaças de bombas em seus aviões. 'Isso não
é privilégio da TAM. Sempre há desocupados que fazem
isso', disse. 'A TAM está crescendo e isso sempre
provoca esse tipo de coisa.'
Quanto ao pacote de 4 quilos de
cocaína encontrado entre os destroços, o comandante
disse que devia estar na bagagem de algum passageiro,
dentro do avião. Rolim ainda afirmou que todos os
aviões do Brasil estão na rota do tráfico mundial. Perguntado
sobre as denúncias do Sindicato de Aeroviários em relação
a sobrecarga de trabalho e horas extras dentro da empresa,
Rolim disse que a TAM não tem "esse tipo" de problema.
"Eu não quero entrar nessa polêmica", disse.
O dia de Rolim
Depois de chegar de viagem, ainda
antes da coletiva que concedeu às 15h, o presidente da
TAM teve de cumprir dois compromissos dolorosos. O
primeiro foi uma visita ao presidente do Conselho Diretor
do grupo Ultra, Peri Igel, cujo filho, Ernesto, morreu no
acidente. "Ele era como um filho para mim, foi
criado junto com o meu", disse. O segundo compromisso
foi ir a um velório. No entanto, não foi o de nenhum
passageiro ou tripulante do vôo 402 mas sim de mais uma
vítima da violência urbana. Na madrugada desta sexta, o filho
de seu amigo Oscar Americano Neto, Henrique, foi baleado
em uma tentativa de assalto, morrendo no hospital.
Em seguida, o presidente da TAM se
reuniu com a diretoria da empresa para fazer uma
avaliação da situação. O encontro teve a
participação dos vice-presidentes Luis Eduardo Falco,
Rubel Thomas e Ronaldo Tojal, além do publicitário
Mauro Salles, encarregado da publicidade da empresa. Só
depois foi para acoletiva.
Com informações da AJB e
da Agência Folha
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