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Talvane diz que fita é "montagem grosseira"

AJB 07/01/99 22h32
De Brasília

O deputado Talvane Albuquerque (PFL-AL) acusou nesta quinta (7) seu colega de bancada Augusto Farias (PFL-AL) de ter feito uma "montagem grosseira" da fita que gravou com uma conversa entre ele (Talvane) e o pistoleiro Maurício Novaes, o Chapéu de Couro, antes do assassinato da deputada Ceci Cunha (PSDB-AL). Depois de confirmar que a voz na gravação é sua, Talvane disse que Augusto Farias "tirou da fita o trecho onde eu digo que não quero matá-lo, pois ele era meu amigo".

O corregedor-geral da Câmara, Severino Cavalcanti (PFL-PE) se surpreendeu com a declaração de Talvane. "Se ele diz que tem isso na fita, agrava ainda mais a situação dele. Quer dizer que se não for amigo ele manda matar?", questionou. Amanhã, Talvane divulga uma fita gravada por Claudinete, irmã da deputada Ceci Cunha, com críticas ao ex-governador Mano Barros, e acusando a polícia alagoana de extorsão.

Talvane também confirmou hoje o seu encontro com o pistoleiro na churrascaria Frei Damião, em Juazeiro(BA). Mas declarou-se arrependido e admitiu que errou ao ter comparecido. "Pisei na bola. Dei mancada. Sei que agora será muito difícil reverter minha cassação", reconheceu Talvane. Ele revelou ainda, que ao final do jantar deu duas notas de R$ 10,00 para ajudar o pistoleiro que estava no "rango". Talvane explicou que rango quer dizer "fome".

O deputado atacou o pistoleiro dizendo que foi ele quem tentou convencê-lo a matar Augusto Farias. "Ele propôs matar o Augusto alegando que por causa do envolvimento com a máfia ninguém iria desconfiar. Como eu não topei ele inverteu a história e foi contar ao Augusto que eu queria matá-lo", disse Talvane. Ele revelou ainda que o pistoleiro falava muito mal de Augusto, acusando-o de ter mandado matar D. Elma, a falecida esposa de Paulo César Faria, com seis comprimidos de Dormonid e sufocando-a com um saco de lixo de plástico, além do próprio irmão e Suzana Marcolino.

Depois, Chapéu de Couro teria ameaçado Talvane. Segundo o deputado durante o jantar, o pistoleiro teria ameaçado: "O senhor não se julgue livre de bala e não está livre de uma espingardada". Talvane disse, ainda, que Miguel Rodrigues, pai de Luís Dantas, nunca o perdoou por ter acusado o filho de extorsão. Em 93, Talvane acusou Dantas de tentar lhe extorquir R$ 150 mil. O processo está no STF.

O deputado informou que a montagem na fita será a principal prova em sua defesa a ser encaminhada semana que vem à comissão de sindicância. "A duração do diálogo não vai bater com os custos da chamada", desafiou Talvane."A conta telefônica comprovará que havia mais diálogos do que os que estão na fita", afirmou o deputado, que garante ter sido cortado o trecho em que ele fala com o vendedor da loja de sapatos pedindo para aguardar o final da conversa".

Talvane garante, ainda, que a ordem das palavras na fita está invertida em algumas frases, e que muitos diálogos foram cortados. O deputado tentará provar que nem todas as ligações feitas pelo pistoleiro partiram da empresa do irmão de Augusto, Rogério Farias, mas de um orelhão.

O deputado Augusto Farias (PFL-AL), que gravou o fita com a conversa entre Talvane e o pistoleiro, disse hoje que teme ser assassinado por Talvane. "Ele é um psicopata e pode dar um tiro pelas costas", disse Augusto. O deputado será o primeiro a depor na comissão de sindicância. "Vou até às últimas consequências para provar a falta de decoro de Talvane", concluiu Farias. Ele desafiou Talvane a entregar os três funcionários do seu gabinete que ajudaram a planejar o seu assassinato. "Eles estão livres, com prisão preventiva decretada, e ainda vão receber ajuda de custo da convocação extraordinária. Isso é absurdo", protestou Augusto. Talvane se nega a entregar os três assessores e disse que vai enviar advogados para defendê-los. B>(Sônia Carneiro)


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