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Fuga de ex-informante da polícia custou R$ 15 mil
ALESSANDRO SILVA 09/04/2000 23h43
da Folha de S.Paulo
O ex-informante da polícia paulista e testemunha da CPI do Narcotráfico Laércio Cunha (nome falso) disse ter comprado sua fuga de uma das penitenciárias do Estado de São Paulo por R$ 15 mil.
O valor foi combinado para que ele conseguisse ser levado da prisão até um hospital, onde já havia sido acertada a saída dele, segundo o deputado federal Celso Russomanno (PPB-SP), relator de São Paulo na CPI.
A indústria da fuga será uma das frentes de investigação da comissão, que se instala oficialmente na capital a partir de terça-feira.
A fuga misteriosa de outro preso, revelada pela Folha, provocou o afastamento de nove carcereiros do Depatri (Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais), na última sexta-feira.
O assaltante Alexandre Pires Ferreira, 26, sumiu da prisão em março e reapareceu na semana passada, ao ser detido pela polícia roubando o prédio onde mora o jornalista Paulo Henrique Amorim, da TV Cultura, em São Paulo.
Os carcereiros serão investigados pela Corregedoria da Polícia Civil por facilitação de fuga.
Cunha é o mesmo que denunciou à CPI, no Rio, que policiais do Depatri extorquiam dinheiro de criminosos para não prendê-los. O depoimento fez com que 16 policiais, a maioria desse departamento, fossem investigados.
Três deles foram afastados do policiamento e vão aguardar o fim da apuração em trabalhos internos.
O ex-informante será ouvido de novo nesta semana. O nome do presídio de onde ele escapou é mantido em sigilo. Também será ouvida a traficante Sônia Aparecida Rossi, conhecida como Maria do Pó, presa na última semana. Ela levou um tiro no joelho e está internada.
A CPI estuda ainda convocar Ferreira para explicar a fuga. Em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, ele disse que fugiu durante o horário de visita, vestido de mulher.
Na semana passada, os deputados receberam da Polícia Civil uma lista com 1.245 nomes de carcereiros suspeitos de facilitar a fuga de cerca de 200 presos, a maioria envolvidos com tráfico.
"Com certeza, a banda podre da polícia em São Paulo é maior do que a do Rio Janeiro, pois em São Paulo os fatos não estão sendo apurados como deveriam", disse o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), sub-relator da CPI.
Na última sexta-feira, o governador Mário Covas (PSDB) negou a existência de uma banda podre na polícia paulista e disse que as denúncias são apuradas com rigidez.
Leia mais sobre a "banda podre" na Folha Online.
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