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Justiça inicia novo julgamento do ex-PM Rambo

CRISPIM ALVES 10/04/2000 00h35
Coordenador de Cidades da Folha Online

A Justiça inicia na manhã desta segunda-feira (10) o segundo julgamento do ex-soldado da PM Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, que já foi condenado por crimes cometidos na favela Naval, em Diadema (na Grande São Paulo), em 7 de março de 97.

Rambo foi condenado, em 9 de outubro de 98, a 59 anos e 6 meses de prisão, por homicídio doloso (quando há intenção de matar) qualificado pela morte do conferente Mário José Josino e por três tentativas de homicídio qualificado contra Silvio Calixto Lemos, Jéferson Sanches Caputi e Antonio Carlos Dias, além de abuso de autoridade.

O caso Naval ganhou notoriedade porque as ações dos PMs espancando e torturando as vítimas foram filmadas por um cinegrafista que se escondeu em um barraco da favela e veiculadas pela Rede Globo em 31 de março.

Outros oito PMs, além de Rambo, foram presos e processados pelos crimes.

Em maio do ano passado, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o júri que condenou o ex-PM, que está preso no presídio militar Romão Gomes.

Rambo foi beneficiado ainda por uma redução da pena por abuso de autoridade. O júri o havia condenado a 5 anos e 6 meses de prisão. Os dois desembargadores reduziram a pena para 1 ano e 6 meses.

Para os desembargadores do TJ, os jurados que condenaram o ex-PM "decidiram contra a evidência dos autos", por isso caberia o recurso.

Na época, o promotor José Carlos Blat, que participou da acusação dos policiais envolvidos no caso da favela Naval, lamentou a decisão do tribunal. Agora, ele espera que a sentença seja confirmada no próximo julgamento.

A decisão dos desembargadores foi motivada pelo fato de que Rambo disparou apenas um tiro contra o carro em que estavam Josino, Caputi e Dias. Para caracterizar as duas tentativas de homicídio, teria que haver outros disparos.

Já a tentativa de assassinato contra Lemos, segundo o TJ, não se caracteriza porque a vítima, no momento do suposto crime, estava deitada. E no local só foi encontrada uma marca de tiro no alto de um muro. O réu não teria tido intenção de matá-lo.

De acordo com Blat, a previsão é que o novo julgamento, que acontece em Diadema, dure cinco dias.


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