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Servidores da Saúde prometem dimunir atendimento

GILMAR PENTEADO 29/05/2000 22h18
da Folha de S.Paulo

O Sindsaúde (Sindicato dos Trabalhadores da Saúde no Estado de São Paulo) promete radicalizar se o governo descontar os dias parados dos grevistas.

Integrantes do sindicato afirmaram ontem, depois de uma reunião com o secretário Estadual da Saúde, José da Silva Guedes, que o corte no ponto deve diminuir ainda mais os serviços à população durante a greve. O desconto dos dias parados foi anunciado na semana passada pelo secretário.

Até mesmo os serviços de urgência e emergência, mantidos nos hospitais estaduais, podem ser prejudicados, de acordo com a presidente do Sindsaúde, Sônia Takeda.

“Se o governo vai radicalizar, nós também vamos”, afirmou Eliana Mendonça, diretora do sindicato. De acordo com o Sindsaúde, os servidores ainda estão atendendo alguns casos de consulta marcada e serviços de urgência e emergência.

Boletim de ocorrência

A assessoria da Secretaria Estadual da Saúde alegou que a falta de atendimento dos casos de urgência e de emergência é considerada omissão de socorro. As direções dos hospitais estão orientadas a registrar um boletim de ocorrência se algum caso deixar de ser atendido.

De acordo com o Sindsaúde, o atendimento é garantido por um sistema de revezamento _enquanto alguns atendem, outros se reúnem no comando de greve. “Mas, se houver corte no salário, esse revezamento pode ser abandonado e a situação vai piorar”, disse Sônia.

Na última quinta-feira, o secretário Guedes disse à Folha que haverá desconto dos dias parados. Ontem, o Sindsaúde pediu ao secretário que o ponto não seja cortado, mas ele não cedeu. “Se há falta ao serviço, tem de haver um desconto no pagamento”, disse.

Guedes afirmou que o revezamento dos funcionários e a manutenção dos serviços de urgência não vão evitar o desconto no salário. “O serviço não está normal. Não há regulamentação de greve que dê um tratamento diferente para essas faltas.”

Os funcionários recebem no quinto dia útil do mês. “Uma greve na saúde não pode ser considerada como uma greve em uma fábrica de pregos”, afirmou Sônia.

Sem resposta

Guedes não deu ontem uma posição da secretaria sobre as reivindicações dos grevistas, que pedem reajuste de 67%. “Isso é uma definição que o governo, no momento certo, estará colocando.”

Ele também não se posicionou sobre o fato de servidores estarem orientando pacientes com consultas e exames marcados a voltar para casa e esperar o fim da greve.

“Toda vez que você dispensar alguém do atendimento, estará assumindo a responsabilidade pelas consequências”, disse o secretário, sem informar se o procedimento é regular ou não.

Segundo levantamento da secretaria, dos 10.356 servidores escalados para trabalhar ontem, 1.098 (10,6%) não compareceram. Pelo levantamento do Sindsaúde, a paralisação atinge 65% dos 86 mil servidores no Estado.

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