O independente reformador

Com estilo simplório, Perot tenta desafiar o sistema bipartidário dos EUA e promete disputar novamente

BOL 21/11 21h53

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O milionário empresário texano Ross Perot pretende revolucionar o tradicional sistema bipartidário americano se não como presidente, pelo menos como o fundador do recém-criado Partido da Reforma. Depois de uma campanha indecisa em que largou a disputa e voltou de novo, Perot conseguiu abocanhar 19% dos votos nas eleições de 1992, o melhor resultado de um terceiro colocado desde que Bull Moose concorreu com Theodore Roosevelt em 1912.

Aproveitando este bom resultado e uma conta bancária de aproximadamente 1 bilhão de dólares, o fundador da Eletronic Data System Corp. - com sede em Dallas - embarcou na aventura de organizar um partido que contentasse os cerca de 1,3 milhão de eleitores sem partido, sempre ressaltando que seu esforço não era pessoal.

Perot perdeu um pouco da sua força depois de perder um debate com o vice-presidente Al Gore em 1993 sobre o Nafta. Seus detratores consideram-no egoísta, ditador e paranóico. No entanto, o discurso de nacionalismo econômico desenvolvido pelo texano ainda encontra apoio na sociedade. Com estatísticas na mão, Perot insiste em seus temas prediletos: equilibrar o orçamento federal, reformular a lei eleitoral e aprovando uma emenda constitucional exigindo a realização de plebiscitos para cada aumento de imposto. Ele adora usar metáforas, o que o torna quase folclórico. Perot compara o déficit público, por exemplo, a uma formiga no porão.

As pesquisas conferiram ao longo da campanha cerca de 10% das intenções de voto para Ross Perot, sobretudo nas camadas menos instruídas dos eleitores. No dia 5 de novembro, recebeu 9% dos votos, menos que a metade do que conseguiu em 1992. Ele sabia ter chances remotas de vencer as eleições, mas certamente ainda tem força para fazer pressão para que Washington organize suas contas neste próximo governo democrata. Ao reconhecer a derrota, Perot prometeu que vai voltar a disputar a presidência na próxima eleição.