Celso
Pitta
De ilustre
desconhecido a prefeito da maior cidade do Brasil em menos
de quatro anos. Essa meteórica ascensão do carioca
Celso Roberto Pitta do Nascimento, 53, no cen‡rio pol’tico
brasileiro não pode, em momento algum, ser dissociada
da imagem do ex-prefeito da capital paulista, Paulo Maluf,
seu padrinho político. Até dezembro de 1992,
quando foi convidado por Maluf para ser secretário
de Finanças de sua gestão na prefeitura, Celso
Pitta tinha pouca experiência na área governamental,
fora diretor administrativo da Casa da Moeda, de 1982 a 1985,
e havia enfrentado as urnas apenas uma vez na vida: em eleiçõo
de chapa única, fora eleito síndico do prédio
onde morava. Seu nome também não foi o primeiro
a ser cogitado para o cargo na secretaria. Após derrotar
Eduardo Suplicy (PT) na eleições municipais
daquele ano, Maluf escolheu o empresário Abram Szajman
para a secretaria de Administração e José
Augusto Savasini para a de Finanças. Szajman desistiu,
Pitta assumiu seu lugar e "herdou" a secretaria de Finanças
mais tarde, quando Savasini não pode assumir por problemas
de saúde. Na prefeitura, durante a gestão de
Maluf, a função de Pitta era cuidar do cofre.
Foi nessa posição que Pitta viu seu prestígio
junto a Maluf aumentar, pois já era conhecido e respeitado
na família Maluf desde 1987, quando um convite de Roberto
Maluf, irmão de Paulo Maluf, para assumir a diretoria
financeira da Eucatex, a empresa da família, trouxe
Celso Pitta para S‹o Paulo. O posto de candidato oficial do
PPB nas eleições de 1996 também iria
"cair no colo" de Celso Pitta. Na procura por um candidato
que pudesse suceder a Maluf na prefeitura, a equipe do ex-prefeito
submeteu todos os pré-candidatos malufistas, entre
eles Lair Krahenbuhl (secretário de Habitação)
e o deputado Ricardo Izar (PPB-SP), a testes de TV. Pitta
foi quem causou melhor impress‹o, e assim conseguiu a indicação
do partido. Maluf foi o maior cabo eleitoral de Pitta durante
a campanha. Numa famosa manobra política, Maluf foi
à TV no horário gratuito dos partidos e afirmou
que se Pitta não fosse um bom prefeito para São
Paulo, que ninguém mais votasse nele. Em março
de 1999, depois de inúmeras divergências com
Maluf, Pitta deixaria o PPB e anunciaria o rompimento final
com o padrinho político. Pitta saiu do partido mencionando
"ingratidão" de Maluf, que iria a TV um mês depois
para pedir desculpas ˆ população por ter recomendado
o voto em Pitta. A passagem de Pitta pela prefeitura, agora
na condição de chefe do Executivo, foi permeada
de escândalos e processos na Justiça. Logo no
segundo mês de sua administração, em fevereiro
de 97, um relatório do Banco Central apontou um prejuízo
de R$ 10,7 milhões nas contas da Prefeitura de São
Paulo, supostamente provocados por Pitta, quando era secretário
das Finanças de Maluf, com a emissão e venda
irregulares de títulos públicos. Em agosto,
o relatório final da CPI dos Precatórios concluiu
que foram emitidos títulos acima do valor dos precatórios
(dúvidas judiciais) que a prefeitura devia e que estas
operações foram idealizadas no Departamento
de Dívida Pública da Secretaria das Finanças
da Prefeitura de São Paulo durante a gestão
de Paulo Maluf. Em março de 98, Pitta e Maluf foram
condenados à perda dos direitos políticos por
quatro anos por improbidade administrativa devido ao escândalo
dos precatórios. Pitta ainda teve a perda do mandato
acrescida à sua pena. Ambos recorreram da sentença.
No começo desse mês, o Tribunal de Justiça
de São Paulo confirmou uma sentença de 98 da
10 Vara da Fazenda Pública, que condenou Pitta à
suspensão do cargo e perda dos direitos políticos
por oito anos, por usar verba pública para pagar anúncio
onde se defendia das acusações da CPI dos Precatórios.
O prefeito pode recorrer da sentença. Na vida pessoal,
Pitta é visto como um homem reservado. Como administrador,
é tido como competente. Cursou economia na UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro) entre 1965 e 1968. Em plena efervescência
política da década de 60, Pitta não participava
das manifestações estudantis. Após as
aulas, pertencia a grupos de estudo que se reuniam para aprofundar
os debates acadêmicos. Nunca foi aluno brilhante. Em
71, licenciou-se do Ministério do Planejamento para
fazer mestrado em economia dos transportes na Universidade
de Leeds, na Inglaterra. Lá se casou com Nicéa
Carmargo, com quem tem dois filhos, Roberta e Victor.
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