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E S P E C I A L
Ernesto Geisel
1908-1996


Geisel é enterrado em cerimônia simples

Figueiredo, Falcão e Alencar não comparecem

AJB 13/9/96 21h10
Do Rio de Janeiro

Sem a pompa programada pelo Comando Militar do Leste, mas com honras de chefe de estado, salva de tiros e ao som da Marcha Fúnebre, foi enterrado às 10h50 de sexta-feira (13) no cemitério de São João Batista o penúltimo presidente do regime militar, general Ernesto Geisel. A pedido de sua filha, Amália Luci, o caixão não foi levado no tanque de guerra Urutu, como tinha sido anunciado na véspera. Geisel morreu na manhã de quinta-feira, aos 88 anos, de câncer.

Pouca gente compareceu à cerimônia, que durou 20 minutos. Entre antigos colaboradores, parentes, amigos e colegas, cerca de 80 pessoas acompanharam o sepultamento. Um número bem menor do que os 250 oficiais do Exército, da Aeronáutica e da Marinha que se dividiram em vários grupos para cumprir todos os rituais da solenidade.

Mesmo sem o Urutu, a presença militar durante o enterro do general estava no Batalhão de Guarda do Exército; nos lanceiros da Escola de Cavalaria Andrade Neves; nos tocadores de clarins do Regimento de Cavalaria; nos vários generais usando fardas e condecorações; nos seis cadetes que levaram o caixão; na segurança feita pela Polícia do Exército e nos 90 oficiais - um do Exército, um da Marinha, um da Aeronáutica, nessa ordem - perfilados na Aléia São João Batista, onde fica o túmulo do ex-presidente.

Bem próximos à sepultura, o vice-presidente, Marco Maciel, o senador Antônio Carlos Magalhães e o ex-presidente José Sarney acompanharam a oração final do pastor luterano Mozart Noronha, velho militante do PT que citou Sartre ao lembrar o 'inferno de cada um' e disse estar ali como 'militante do humanismo, que luta por um mundo mais justo, com escolas para toda gente'. O senador chorou ao beijar algumas pétalas de rosas e jogar no caixão. Maciel e Sarney fizeram a mesma homenagem de despedida. A cerimônia acabou com o 'Urra!, Urra!, Urra!', grito de guerra puxado por ex-colegas de Geisel e oficiais do Comando Militar do Leste, depois de cantarem a Canção da Artilharia do Exército.

O último presidente do regime militar, general João Batista Figueiredo, foi ao velório na noite de quinta, mas não compareceu ao sepultamento. Ministro de Justiça de Geisel, Armando Falcão - que deu nome à lei de proibição da propaganda política no rádio e na TV, em 1976 - também não apareceu. Estava no Ceará e não conseguiu chegar a tempo ao Rio. Mandou a família para representá-lo. Apesar de ter emprestado o Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do estado, para o velório, Marcello Alencar foi outra autoridade ausente. Não compareceu nem mandou representante.




Reação militar faz FHC faltar a enterro

Presidente temia protesto

AJB 13/9/96 18h15
De Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso não foi ao enterro do ex-presidente Ernesto Geisel, no Rio, por temer uma repercussão negativa por parte dos militares. O Palácio do Planalto avaliou que os oficiais poderiam fazer algum ato para contestar a decisão da Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos que decidiu indenizar as famílias dos ex-guerrilheiros Carlos Lamarca e Carlos Marighela. Os militares, que consideram o ex-capitão Lamarca um traidor, estão estudando uma forma de recorrer da decisão da comissão.

Outros fatores também pesaram na decisão, como a cerimônia de sanção da lei que isenta da cobrança de ICMS os produtos destinados à exportação, realizada nesta sexta (13) no Palácio do Planalto. Fernando Henrique elogiou, durante seu discurso na cerimônia, o papel desempenhado pelo ex-presidente Ernesto Geisel durante o regime militar. 'Eu acho que todos os brasileiros, que acompanharam de perto a evolução da vida política no Brasil, sabem o que foram a luta e a dificuldade enfrentadas pelo presidente Geisel para conter a repressão', afirmou o presidente, pouco antes do início da cerimônia.

Pelo protocolo, nas cerimônias oficiais no Palácio do Planalto o presidente é sempre o último a falar. Desta vez, Fernando Henrique se antecipou ao discurso que seria feito logo em seguida pelo ministro do Planejamento, Antônio Kandir e manifestou seu 'pesar' pela morte do ex-presidente.

'A história obriga o reconhecimento do valor pessoal do presidente Geisel e também do imenso esforço que ele fez para permitir que o Brasil seguisse adiante no processo de crescimento econômico', disse. Além disso, acrescentou Fernando Henrique, Geisel teve uma vida pessoal 'absolutamente inatacável'. Na quinta feira (12), o presidente decretou luto oficial de oito dias pela morte do ex-presidente.

Jaílton Carvalho


Corpo de Geisel é sepultado no Rio

Marco Maciel representa FHC no enterro

AJB 13/9/96 11h56
Do Rio de Janeiro

Foi sepultado no Rio de Janeiro, ao som do hino da Artilharia, o corpo do ex-presidente Ernesto Geisel. O corpo de Geisel foi recebido no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul da cidade, pelas guardas-de-honra do Exército, Marinha e Aeronáutica.

Foram disparados tiros de canhão e fuzis como honras militares e de chefe de Estado. A bandeira do Brasil que cobria o caixão foi entregue à filha do ex-presidente, Amália Luci. Várias autoridades estiveram no enterro. O vice-presidente Marco Maciel representou o presidente Fernando Henrique Cardoso.