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Covas, Alencar, Britto e Arraes pensam em concorrer a um novo mandato

AJB 01/02/97 13h58
Do Rio de Janeiro

A aprovação da emenda da reeleição, em 1° turno, na Câmara, deu a largada para a sucessão estadual. A 21 meses do pleito que vai definir os novos governadores, alguns ocupantes do cargo já manifestam interesse em disputar mais uma eleição. Se decidirem con-correr, os governadores Marcello Alencar (RJ), Mário Covas (SP), Eduardo Azeredo (MG), Antônio Britto (RS) e Miguel Arraes (PE) vão provocar verdadeiras batalhas regionais. As próximas eleições podem pôr frente a frente Marcello e César Maia, Covas e Paulo Maluf ou Orestes Quércia, Azeredo e Newton Cardoso, Britto e Olívio Dutra, Arraes e Jarbas Vasconcelos.

No Rio de Janeiro, o governador Marcello Alencar (PSDB) e o ex-prefeito César Maia (PFL) prometem protagonizar uma das mais esperadas disputas eleitorais nos últimos tempos. Marcello ainda não confirmou se pretende concorrer a um novo mandato, mas é visto no partido como o candidato natural à eleição. César já estará em campanha assim que voltar de Nova Iorque, onde passa férias, em 14 de fevereiro.

O ex-prefeito do Rio é, até agora, o único candidato declarado à sucessão estadual. Confiante num bom resultado nas urnas - principalmente porque conseguiu eleger seu sucessor, Luís Paulo Conde -, César Maia não economiza palavras para falar de suas chances. "Minhas referências são os quatro anos à frente da prefeitura. Hoje eu teria grandes chances de vitória."

Enquanto César Maia já deu o pontapé na campanha, Marcello Alencar faz mistério quando é indagado sobre sua intenção de se candidatar novamente. "Não quero falar disso agora. Não é hora, ainda tenho dois anos de mandato", despista. O deputado Sérgio Cabral Filho, um de seus aliados mais próximos, defende uma nova candidatura do governador. "Ele é o candidato natural do PSDB. Não tenho dúvida que a população vai ratificar o nome do governador. Se ele não concorrer, minha opção é o Luís Paulo Corrêa da Rocha (vice-governador)", afirma Cabral Filho.

A aprovação da reeleição vai obrigar o PMDB, o PPB, o PSDB e o PT - partidos de maior expressão em São Paulo - a rever o quadro da sucessão. A saída para o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB), que sonhavam com o Planalto, seria concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. O PT tentará lançar um candidato forte, se possível com o apoio de um amplo leque de alianças de esquerda. Mas, por enquanto, não existe este candidato.

No PSDB, o desafio será convencer o governador Mário Covas a disputar a reeleição. O argumento de parlamentares do partido é que Covas seria a melhor opção, embora haja outros candidatáveis na legenda. Entre eles, o senador José Serra, o ministro Sérgio Motta e o deputado José Aníbal. Os tucanos brigarão pela candidatura de Covas principalmente se Paulo Maluf se lançar na disputa. Consciente da força de Maluf, Orestes Quércia torce para o ex-prefeito dar preferência ao Planalto, deixando o caminho aberto para ele. "Serei candidato a alguma coisa em 98", avisa Quércia.

Apontado como o candidato natural das forças governistas, o governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), tem se esforçado para conter o entusiasmo de seus correligionários após a aprovação da emenda. "O meu compromisso é fazer um bom governo", disfarça. O prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro (PSB), reconhecendo o poder do PSDB no estado, propõe à oposição a criação de uma alternativa para enfrentar os tucanos. "É a hora de as forças de centro-esquerda se capacitarem para a tarefa histórica que têm daqui para a frente", diz.

Na avaliação do prefeito, sem uma ampla aliança será difícil vencer a candidatura de Azeredo. O único candidato declarado em Minas é o prefeito de Contagem, Newton Cardoso (PMDB). Desde o ano passado, ele percorre o interior como candidato e, ultimamente, vem fazendo críticas duras a Azeredo.

No Rio Grande do Sul, a disputa pode deixar frente a frente, pela terceira vez, o governador Antônio Britto (PMDB) e o ex-prefeito Olívio Dutra (PT). Apesar de ter trabalhado em favor da emenda da reeleição, Brito não assumiu a candidatura. "Essa é uma decisão para o ano que vem", afirma. Na prática, porém, já está em campanha desde 1996, quando transformou a instalação da fábrica da General Motors numa grande festa.

Seu possível adversário, Olívio Dutra, também não se apresenta como candidato. Diz que é preciso esperar a convenção do partido para saber o nome do escolhido. Mas esta decisão ficou praticamente acertada quando a facção de Olívio superou a do ex-prefeito Tarso Genro numa disputa interna do PT.

Em Pernambuco, as bases do PSB articulam apoio para o lançamento da candidatura do governador Miguel Arraes à reeleição. Segundo seus correligionários, Arraes é o único político do estado em condições de enfrentar o ex-prefeito de Recife Jarbas Vasconcelos, provável candidato da coligação PMDB-PFL. Jarbas afirma que só será candidato em 1998 "se as condições forem favoráveis".