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Ex-governador procura dirigentes regionais do partido

Agência Folha/AJB 17/01/97 20h25
De Brasília, do Rio de Janeiro e de São Paulo

selo_reeleição O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia está organizando um movimento para pressionar a bancada federal do PMDB a não votar a emenda da reeleição antes de 15 de fevereiro. Quércia passou esta sexta-feira ligando para dirigentes regionais do partido. A idéia é que, já na próxima segunda-feira, lideranças estaduais da legenda promovam reuniões para a tirada de manifestos que serão dirigidos aos deputados peemedebistas. "É uma pressão democrática para que o resultado da convenção seja obedecido", disse Quércia.

O ex-presidente José Sarney foi um dos interlocutores de Quércia. "Senti o presidente Sarney muito firme na disposição de apoiar a decisão da convenção do PMDB", declarou Quércia. Além do presidente do Congresso, Quércia telefonou para os senadores Iris Rezende (GO), Jader Barbalho (PA) e Ronaldo Cunha Lima (PB). O senador paraibano conversou com Quércia logo depois de falar com o presidente Fernando Henrique Cardoso. "O Cunha Lima e os outros senadores vão resistir a todas as pressões para que a amenda da reeleição seja votada antes do que estabeleceu a convenção", disse Quércia.

PMDB e PFL mantêm disputa
pela presidência do Senado

Sem levar em conta as dificuldades do governo para aprovar a emenda da reeleição na próxima semana, os candidatos do PMDB, Iris Resende (GO) e do PFL, Antonio Carlos Magalhães (BA) se recusam a retirar seus nomes da disputa, acirrando a luta pela presidência do Senado e colocando em risco a estratégia do presidente Fernando Henrique para a aprovação imediata da emenda. Mas ambos reconhecem que a vitória de uma das duas candidaturas depende da data em que será aprovada a emenda.

"O PMDB garantirá a aprovação da reeleição do presidente Fernando Henrique se o governo permanecer equidistante da disputa", se compromete o candidato do PMDB, Iris Resende. Mas para o senador Antonio Carlos Magalhães, o PMDB está criando caso para dividir os louros da vitória com o PFL. "O presidente Fernando Henrique sempre foi um homem de sorte e tem tido êxito na vida. Portanto, não me cabe discutir o seu estilo", disse Antonio Carlos.

Arthur Virgílio
defende cautela em votação

O secretário-geral do PSDB, Arthur Virgílio Neto, defendeu nesta sexta-feira (17), no Rio de Janeiro, que o governo não coloque a emenda da reeleição em votação caso haja dúvidas sobre a vitória. Deputado federal pelo Amazonas, Virgílio Neto disse que a estratégia do governo é evitar a votação se não tiver garantido os votos necessários à aprovação da emenda.

De acordo com o deputado, para garantir a vitória da emenda o governo precisa somar de 340 a 360 votos potenciais, de modo que, na votação, obtenha os 308 necessários. "Potencialmente já temos os votos. Precisamos confirmar isso e do jeito que fazemos: sem barganha, sem concessão a interesses clientelistas", afirmou ele.

Virgílio Neto participou no Rio de teleconferência do PSDB. Acompanhado do deputado federal Márcio Fortes (RJ) e do vice-governador Luiz Paulo da Rocha, ele debateu o tema reeleição com tucanos de Boa Vista (RR), Teresina (PI), Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Maceió (AL), Vitória (ES), Belo Horizonte (MG), Macapá (AP) e Cuiabá (MT).

A convocação de um plebiscito não é bem recebida pelo PSDB, segundo Virgílio Neto. "Não temos nada contra a consulta popular. Não aceitamos é manobra protelatória que vise, no fundo, no fundo, inviabilizar a idéia da reeleição", afirmou.

Dornelles nega
engajamento por votos

Apesar de ter seguido a orientação do governo de ouvir os pedidos de parlamentares para facilitar a aprovação da emenda da reeleição, o ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Francisco Dornelles, negou nesta sexta o seu engajamento na busca de votos. Dornelles, filiado ao PPB do ex-prefeito Paulo Maluf, um dos principais opositores da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, disse que não sabe quantos votos o partido dará a favor da emenda.

"Em nenhum momento o governo me comunicou que vai votar nem me pediu para cabalar votos", afirmou Dornelles, que passou uma tarde desta semana conversando com parlamentares no Congresso. O ministro disse que não gosta da idéia de se fazer um plebiscito sobre o tema. "Gosto mais da idéia de referendo". Dornelles afirmou, porém, que o assunto é de competência do Congresso e deve ser decidido pelos parlamentares.

PT descarta apoio
a reeleição com referendo

O presidente nacional do PT, José Dirceu, descartou nesta sexta a possibilidade de seu partido apoiar a convocação de um referendo popular para dar validade à reeleição, no caso de a emenda ser aprovada pelo plenário da Câmara. "Estamos fora dessa proposta, tal como ela está sendo formulada pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), porque o PT vai simplesmente votar contra a reeleição, na certeza de que ela não vai passar", anunciou Dirceu.

Lembrando que, há quase dois meses, o Diretório Nacional do PT propôs a realização um referendo, com base numa emenda apresentada pelos deputados petistas José Genoíno (SP) e Milton Temer (RJ), o presidente do partido observou que essa sugestão é muito diferente da que está sendo feita por Miro Teixeira. "Somos a favor do referendo e contra a reeleição em qualquer circunstância, enquanto o Miro vincula o referendo a Disposições Transitórias para confirmar a aprovação da reeleição", advertiu.

O PT, segundo Dirceu, está convencido de que Fernando Henrique não conseguirá aprovar a emenda da reeleição e, por isso, acredita que o governo blefa quando anuncia que colocará a emenda em votação no próximo dia 22. Depois de conversar com as lideranças do PPB, PDT e PC do B, o dirigente petista chegou à conclusão de que esses partidos têm a mesma convicção e, portanto, também não estão dispostos a apoiar um referendo. "Não sei se o PDT vai aceitar a proposta do Miro Teixeira", disse Dirceu.

O deputado Alberto Goldman (PMDB-SP) reivindica a paternidade da proposta de referendo, uma idéia que, informou, vem discutindo com deputados de vários partidos, em Brasília. "Conversei, por exemplo, com o Genoíno, que se mostrou simpático à sugestão, mas com a ressalva de que o PT primeiro espera derrubar a emenda da reeleição", afirmou Goldman. Na opinião do deputado do PMDB, a convocação de um referendo, a essa altura, só terá sentido, se for fruto de um acordo nacional, para se sair do impasse criado pela discussão.

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