Policiais de Alagoas trocam tiros com Exército

Governador pede licença do cargo
 

Agência Folha/AJB 17/07/97 21h33
De Maceió

  • Problema salarial da polícia é nacional
  • Ministros da Justiça e da Casa Militar chegam a Maceió
  • Governo descarta intervenção federal em Alagoas
  • FHC envia a Alagoas ministros da Justiça e da Casa Militar
  • Suruagy sai e FHC convoca bancada alagoana
  • Governador de Alagoas anuncia que pedirá licença do cargo

    Policiais civis e militares, que estão em greve, trocaram tiros na manhã desta quinta-feira (17) com soldados do Exército que protegiam a Assembléia Legislativa de Alagoas, em Maceió. Pelo menos três pessoas ficaram feridas. Centenas de grevistas invadiram a praça em frente à Assembléia e cercaram o prédio, chegando a derrubar a grade que fica em volta dele. A prefeita Kátia Born (PSB) mandou 250 homens da Guarda Municipal unirem-se às tropas do Exército e reforçar a segurança.

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    O governador Divaldo Suruagy (PMDB), cujo impeachment iria ser votado nesta quinta pela Assembléia, pediu licença do cargo por seis meses. Ele atendeu pedido dos partidos que formavam sua base de sustentação na Assembléia. Suruagy e o vice-governador Manoel Gomes (PTB) são acusados de crime de responsabilidade no processo de emissão e venda de títulos públicos do Estado.

    Depois do pedido de afastamento, prontamente aceito, a Assembléia de Alagoas resolveu adiar a votação do impeachment de Suruagy e seu vice para agosto. Na abertura da carta enviada ao presidente da Assembléia, o governador diz que essa decisão decorre da consciência "das responsabilidades políticas e sociais inerentes à alta investidura de Primeiro Magistrado...e pelo sincero desejo de contribuir para a normalização imediata do quadro adverso por que passa o Estado e, também, com o objetivo de evitar traumas à sociedade alagoana".

    Jefferson Rudy/Folha Imagem
    Teotonio
    Senador Teotônio Vielella Filho (PSDB) participou da reunião da bancada de Alagoas com FHC
    O incidente começou quando o Exército tentou reprimir uma manifestação de policiais, engrossados por servidores públicos, que não recebem salário há oito meses.

    O presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, se reuniram para discutir a situação em Alagoas e avaliar as possíveis medidas. A bancada de deputados federais e de senadores de Alagoas também se reuniram para discutir o tema no Congresso. Em seguida foram chamados ao Palácio do Planalto para uma conversa com FHC.

    "A questão da segurança pública é um aspecto que envolve todo o país e, atualmente, vive-se uma crise generalizada, cuja principal causa é a questão salarial", disse Temer, lembrando que já ocupou o cargo de secretário de Segurança Pública em São Paulo. Já o líder do PSDB na Câmara, deputado Aécio Neves (MG), garantiu que o governo federal está tomando providências para evitar uma intervenção em Alagoas.

    A primeira consequência destas reuniões foi divulgada no início da tarde. FHC mandou para Alagoas o ministro da Justiça, Íris Rezende, e o ministro-chefe da Casa Militar, general Alberto Mendes Cardoso.

    O ministro interino da Fazenda, Pedro Parente, disse que é preciso achar uma fórmula de pagar os salários atrasados em Alagoas. Segundo Parente, o Estado está razoavelmente equilibrado, "se não for considerada a questão dos salários atrasados". No governo cogita-se a idéia de antecipar as receitas da privatização da Companhia Energética alagoana e usá-las no pagamento dos salários atrasados.

    Parente, porém, disse não saber se a antecipação seria feita pela Caixa Econômica Federal ou BNDES. "O governo já injetou muitos recursos em Alagoas", afirmou, lembrando que, mesmo assim, o quadro de crise vem se agravando.

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