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"Querem me intrigar com o presidente", diz senador

AJB 19/01/97 20h01
De Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou na manhã deste domingo (19) para o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) desmentindo declarações em reportagem de capa da revista "IstoÉ". "Querem me intrigar com o presidente", disse Antônio Carlos, referindo-se à matéria sob título "FHC amarrado, como a família Magalhães está atrapalhando a reeleição do presidente". O senador acusou o presidente do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), de ser o informante da revista.

A reportagem atribui a Fernando Henrique a seguinte frase: "O Antônio Carlos é tão truculento, tão truculento, que foi capaz até de dar um tapa na cara do próprio filho quando o Luís Eduardo (presidente da Câmara) já era deputado estadual". No início da tarde, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto telefonou para as redações de jornais para informar que o presidente ligou para Antônio Carlos e desmentiu a declaração.

O senador creditou a reportagem a Paes de Andrade porque a matéria da revista é assinada pela jornalista Patrícia Andrade, filha do parlamentar cearense. "Quando a filha de Paes de Andrade assina uma reportagem contra mim, contra o governo e contra o PFL é o fim da picada da ética jornalística", disse Antônio Carlos Magalhães.

O senador negou que tivesse ocorrido alguma briga entre ele e o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA). "Nem meus inimigos foram capazes dessa baixaria", disse. Segundo Antônio Carlos Magalhães, a reportagem "é coisa de quem está perdendo a eleição da presidência do Senado", a qual concorre com o senador Iris Resende (PMDB-GO). "Mas isso nem vai influenciar na minha campanha, porque quando a coisa é feita desta maneira não muda nada", disse.

Em Fortaleza, onde passou os últimos três dias de cama devido a uma gripe forte e uma febre alta, Paes de Andrade negou que tivesse contribuído com qualquer informação para a revista. "Minha filha tem autonomia em seu trabalho, nunca interferi em suas reportagens", disse.

Segundo a "IstoÉ", o plano político de ACM foi apelidado no Congresso de "projeto paínho" e inclui, além de sua eleição para a presidência do Senado, a vitória do deputado paulista Michel Temer, líder do PMDB, para o comando da Câmara, com a ajuda de Luís Eduardo. O projeto de ACM atingiria também as lideranças dos principais partidos da base governista. O PFL trabalharia para eleger os deputados Geddel Vieira Lima (BA), líder do PMDB, e Roberto Brandt, líder do PSDB. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Aloysio Nunes Ferreira (PMDB-SP), seria ministro da Justiça. E o deputado Heráclito Fortes (PFL-PI), ligado ao grupo de Antônio Carlos, ocuparia a vice-presidência da Câmara. "Isso é um absurdo", reagiu o senador.

Paes de Andrade fez questão de destacar que sempre teve bom diálogo com o senador Antônio Carlos Magalhães. As divergências, disse o deputado, são apenas políticas. "Nunca tive nada pessoal com o Antônio Carlos", afirmou.