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Senador teria sido convencido a apoiar votação no dia 29

AJB 25/01/97 19h54
De Brasília

ReeleicaoO presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu superar as principais resistências entre os senadores para votar a emenda da reeleição no próximo dia 29. O presidente do Senado, José Sarney, mudou o discurso nas últimas 24 horas. A amigos, disse que a emenda será aprovada.

A radical mudança de Sarney, que até então vinha defendendo o adiamento do calendário da votação para fevereiro, teria sido conseqüência de um encontro sigiloso, na noite de sexta-feira, com Fernando Henrique. O encontro, oficialmente negado por Sarney, teria por objetivo aparar arestas no relacionamento entre os dois, abrindo caminho para a reconciliação, após um rompimento de quase duas semanas.

A causa da mágoa de Sarney foi a descompostura passada por Fernando Henrique à cúpula do PMDB, depois que a convenção nacional do partido decidiu adiar a votação para fevereiro.

A reconciliação entre Sarney e Fernando Henrique era o primeiro passo para convencer o PMDB a votar a emenda da reeleição no próximo dia 29. A reaproximação foi negociada pela filha do senador, a governadora do Maranhão Roseana Sarney, do PFL. Desde a semana passada a governadora trabalhou nessa missão "pacificadora". Na quarta-feira, em jantar na residência de Roseana, Sarney conversou com os ministros das Comunicações, Sérgio Motta, da Educação, Paulo Renato, e da Articulação Política, Luís Carlos Santos. Sarney concordou em voltar a conversar com Fernando Henrique, mas teve um diálogo tenso com Motta.

Na sexta-feira, um clima de mistério cercou o suposto local do encontro entre Fernando Henrique e Sarney, que teria sido realizado na na casa de Motta, no Lago Sul. Embora as luzes estivessem apagadas, as suspeitas de que os dois presidentes encontravam-se reunidos lá foram levantadas pela presença de agentes de segurança do Palácio do Planalto, do Senado e da governadora Roseana. Os agentes de segurança de Roseana disseram que a governadora e o pai saíram para encontrar o presidente Fernando Henrique.

Foram vistos saindo da casa de Roseana dois Ômegas de cor azul marinho. Os mesmos automóveis estavam estacionados perto da residência do ministro das Comunicações. Dentro deles estavam agentes que usavam crachás do Palácio do Planalto. Quando viram os jornalistas, saíram em disparada.

Ao deixar o Senado, na sexta-feira, às 18h30, Sarney disse: "Vou me encontrar com alguém muito importante". À mesma hora, o presidente Fernando Henrique também deixava o Palácio do Planalto, pela saída dos fundos tentando despistar os jornalistas.

O presidente do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), não acreditou na mudança de postura de Sarney. Segundo o deputado, o encontro entre os presidentes da República e do Congresso Nacional já estava articulado, mas como não foi confirmado oficialmente, significa que as conversas "ainda estão caminhando".

Paes de Andrade acrescentou que Sarney reafirmou na sexta-feira, às 11h, em encontro com toda a bancada do PMDB no Senado, sua posição irredutível de que o partido não ajudará o governo a aprovar a reeleição dia 29. O deputado negou ainda que o prefeito de Contagem (MG), Newton Cardoso, e o senador Jáder Barbalho (PMDB-PA) tenham mudado de posição.

A estratégia para esvaziar o plenário dia 29 será discutida em encontro marcado para amanha, no Rio de Janeiro, entre Paes de Andrade e o prefeito Newton Cardoso, com o embaixador do Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos), ex-presidente Itamar Franco. "O PMDB não vai passar para a história como irredutível, e continua aguardando a resposta final do presidente Fernando Henrique", disse Paes de Andrade.

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