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Aliança para aprovar emenda vai moldar 2ª fase do governo

Agência Folha 26/01/97 22h41
De Brasília

Reeleicao A aliança política que garantir ao presidente Fernando Henrique Cardoso a chance de disputar um segundo mandato em 1998 vai moldar a segunda fase do governo, a ser iniciada depois da votação da emenda da reeleição. Os aliados da nova fase trabalharão com a perspectiva de seis anos de poder, avaliam interlocutores de FHC. Alguns prevêem que a mudança constitucional representará um ''divisor de águas'' no governo. Ainda no primeiro trimestre de 1997, deverá surgir o ministério do palanque de 1998.

As mudanças deverão começar a aparecer em março. Este foi o prazo combinado por FHC com o ministro da Justiça, Nelson Jobim, para que ele seja remanejado para o STF (Supremo Tribunal Federal).

Sem tamanho previamente definido, a reforma não chegará a representar uma revolução. O rateio do poder pode ser alterado, mas os personagens (no caso, os partidos) não mudam. O governo continuará de PSDB, PFL, PMDB, PTB e PPB.

Além da vaga de ministro da Justiça, uma outra já está previamente incluída na reforma: a de ministro dos Transportes, ocupada interinamente pelo também peemedebista Alcides Saldanha, desde agosto do ano passado. Outra mudança considerada ''natural'' na cota do PMDB é a saída do ministro de Assuntos políticos, Luiz Carlos Santos, que reassumiria o mandato de deputado.

O rumo da reforma política no governo está condicionado ao comportamento do PMDB na votação da reeleição. Embora o partido não tenha participado da aliança que elegeu FHC em 1994, o PMDB integra o governo por conta de um apoio administrativo aprovado por seu conselho político.

Os governistas ainda trabalham com dois cenários: um mais conservador, baseado na adesão do PMDB ao projeto de reeleição, e um segundo, mais conturbado, de racha do partido. Na hipótese de racha, a primeira vítima no primeiro escalão do governo seria o secretário de Políticas Regionais, Fernando Catão, cunhado do senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB). Um eventual racha poderia levar a uma reorganização partidária, com repercussões no governo.

Não é só o PMDB que pode ter sua cota reavaliada no governo. O PTB (integrante da coligação que elegeu FHC) ficou pequeno para os postos que ocupa na Esplanada com os ministros do Trabalho, Paulo Paiva, e da Agricultura, Arlindo Porto.

O PPB é outra incógnita do cenário pós-reeleição. Apesar do projeto do ex-prefeito Paulo Maluf de se lançar candidato ao Planalto em 1998 pelo PPB, o partido pode ter ampliado seu espaço no governo por conta da dissidência comandada pelo ministro da Indústria, do Comércio e Turismo, Francisco Dornelles.

Além da
Esplanada

Fora da Esplanada dos Ministérios, o resultado do placar da reeleição também terá repercussões. Durante as negociações com os parlamentares, o governo prometeu estudar a divisão de cargos federais nos Estados. A regra é que o rateio deverá acompanhar o peso do apoio das bancadas na votação da reeleição.

O governo também computa no rateio do poder da futura aliança eleitoral os postos de presidentes da Câmara e do Senado. O governo está empenhado em dividir o comando do Congresso entre os dois maiores partidos da aliança: PMDB e PFL.