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Governo preocupa-se com posição da bancada do PMDB

AJB 28/01/97 17h59
De Brasília

Reeleicao O presidente Fernando Henrique Cardoso pretende retomar o processo de reformas constitucionais após a votação da reeleição na Câmara, mas aguardará a decisão do Senado para promover mudanças no ministério. Para o presidente e seus principais assessores, a votação da emenda é um divisor de águas que define com quem o governo pode contar para levar seu projeto de desestatização e abertura da economia adiante. Na avaliação do governo, havia muita dubiedade no PMDB, no PPB e no PTB e, a partir da votação da emenda, será mais fácil mapear quem é quem.

Se aprovada a reeleição, os ministros e líderes aliados consideram que o governo ficará mais forte e o presidente terá maior liberdade para levar sua política adiante. "As reformas vão andar melhor", previu o ministro da Coordenação Política, Luiz Carlos Santos, referindo-se às reformas administrativa, parada na Câmara, e da Previdência, engavetada no Senado. A avaliação é de que obtido os três quintos (308 votos) para a reeleição, automaticamente o governo terá os votos necessários para aprovar qualquer coisa.

Por conta disso, Fernando Henrique tem se dedicado nos últimos dias a baixar o tom de suas diferenças com o PMDB, que foram às alturas após a convenção do partido, em 12 de janeiro. "Manter a base de sustentação política do governo é tão importante quanto a reeleição", afirma o líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), concorda que "o governo não pode prescindir do PMDB para ter maioria política".

A vitória na Câmara, mesmo que por larga margem, entretanto, não permitirá ao presidente promover mudanças em seu ministério. A eleição para as presidências da Câmara e do Senado e suas consequências e a votação da emenda da reeleição no Senado, que deve consumir no mínimo dois meses, devem inibir quaisquer mudanças. "Não dá para montar o ministério da reeleição sem que o Senado tenha votado a emenda", comentou o governador Antonio Britto (RS).

A grande preocupação do governo é com os senadores do PMDB. O presidente do Senado, José Sarney (AP), o líder do partido, Jáder Barbalho (PA), e os senadores Iris Resende (GO) e Ronaldo Cunha Lima são apontados como os responsáveis pelas dificuldades enfrentadas na Câmara. No governo não se sabe quais os reflexos para a reeleição de uma eventual derrota do senador Iris Resende (PMDB-GO) na disputa com Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pela presidência do Senado. Mesmo que continue com as mãos um tanto amarradas até que o Senado pronuncie, Fernando Henrique tem motivos de sobra para estar satisfeito. A votação da emenda acabou reaglutinando e consolidando sua base parlamentar na Câmara, capaz de dar novo impulso às reformas.