Primeira páginaÚltimas notíciasPolíticaEconomiaInternacionalEsportesTecnologiaCulturaGeral   FHC faz brinde à sorte durante almoço

Presidente recebe apoio de parlamentares

Agência Folha 28/01/97 22h48
De Brasília

Reeleicao No dia da votação da emenda da reeleição, o presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu uma romaria de parlamentares e deixou de lado a reticência com a qual tratava o tema. FHC propôs um brinde à reeleição, durante almoço com 41 empresários no Itamaraty. "Um brinde para que tenhamos muita sorte hoje", disse. Empresários propuseram outro brinde.

O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, afirmou que o presidente, durante o almoço, disse que gostaria de se manter no cargo para "dar continuidade às reformas constitucionais". "Ele (FHC) disse que aconteceu a mesma coisa à época em que foi ministro da Fazenda. Não queria ser presidente, mas para concretizar o Plano Real, era preciso a continuidade", afirmou Amaral.

Pela manhã, deputados e senadores foram ao Palácio do Planalto fazer pedidos a FHC e manifestar apoio à reeleição. "O presidente estava descontraído, seguro e feliz. Disse que hoje era o dia D e que iríamos ganhar", afirmou o deputado Pauderney Avelino (PPB-AM).

Ao receber as credenciais de novos embaixadores, FHC foi evasivo ao responder sobre seu otimismo quanto a um novo mandato. "Sou sempre otimista em relação ao Brasil. Em temas específicos, vamos ver", afirmou.

FHC faz promessas
a parlamentares

Os parlamentares que visitaram FHC se disseram confiantes na reeleição e satisfeitos com as promessas que receberam do presidente. Deputados do PPB de Roraima foram os primeiros a se reunir com FHC. Saíram do encontro se dizendo favoráveis à reeleição.

Parlamentares da Amazônia e mais sete prefeitos da região vieram pedir a divisão do Estado. "O presidente prometeu enviar ao Congresso um projeto criando na Amazônia os territórios Alto Solimões e Rio Negro", disse Euler Ribeiro (PFL-AM).

Os deputados e os prefeitos manifestaram o apoio à reeleição de FHC. Pauderney Avelino (PPB-AM) chamou Paulo Maluf, líder de seu partido, de "teimoso". "(Ser contra a reeleição) é projeto pessoal dele (Maluf), não do partido. Ele está remando contra a maré", disse Avelino, que garantiu a FHC 50 votos do PPB.

Após os amazonenses, foi a vez de os parlamentares do Espírito Santo terem sua meia hora de conversa com o presidente. Segundo Roberto Valadão (PMDB), foi um ato de "solidariedade" ao presidente e de apoio à reeleição.

Eles pediram a FHC uma solução para a crise financeira do Estado. O presidente prometeu marcar uma reunião com a bancada para discutir o tema. "(O fato de estarmos a favor da reeleição) cria uma certa facilidade para o entendimento com o governo, mas não vejo como uma troca de favores", afirmou Valadão.

Reformas
na Constituição

À tarde, durante solenidade de privatização de trecho da malha ferroviária Teresa Cristina (SC-PR), FHC fez referência à reeleição e mencionou a suposta urgência das reformas na Constituição.

"Espero que, desanuviando a sua pauta, seja qual venha ser a decisão sobre o assunto em pauta hoje, o Congresso possa encontrar mais energia e tempo para aprovar as reformas que o Brasil precisa", disse.

Deputados mudam voto após
reunião com presidente

Os quatro deputados pepebistas de Roraima se reuniram com Fernando Henrique Cardoso e, depois do encontro, se disseram favoráveis à reeleição. Pelo levantamento da Folha de S.Paulo, somente Luís Barbosa declarava apoio a FHC. Alceste Almeida, Francisco Rodrigues e Robério Araújo eram contra. "Os votos foram fechados na semana passada numa reunião com o governador Neudo Campos (PPB). Nosso Estado é pobre, não temos energia, estradas. Nosso povo está precisando dessa ajuda", disse Barbosa.

Dois deputados do PMDB surpreenderam o líder Michel Temer (SP) ao anunciar no início da tarde que votariam a favor da reeleição: José Aldemir (PB) e João Thomé Mestrinho (AM). Aldemir foi um dos idealizadores da moção que recomendou aos peemedebistas, na convenção do partido, o adiamento da votação da emenda.

Presidente recusa proposta
de senadores do PMDB

Fernando Henrique chamou o líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA), ao Palácio do Planalto, pela manhã, e disse não aceitar a proposta feita pelos senadores peemedebistas de transferir a votação da emenda da reeleição para o dia 5 de fevereiro. "O presidente concordou em discutir a fidelidade partidária, a desincompatibilização e o referendo popular, mas não aceitou o ponto essencial da proposta, que era a mudança do calendário. Por isso, nossa posição é inalterada. A orientação aos deputados é obstruir a votação", disse Barbalho.

Já era de conhecimento público que o governo não havia aceito a proposta dos senadores do PMDB, levada a ele no último dia 23, mas FHC não tinha respondido formalmente. Por causa disso, na madrugada de hoje, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), chegou a redigir uma nota.

A nota afirmava que, como FHC nem sequer tinha respondido à proposta do PMDB do Senado, a orientação dos senadores às suas bancadas na Câmara continuava sendo a de obstruir a votação da emenda.