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Deputados se filiam ao PSDB

Agência Folha 29/01/97 19h35
De Brasília, do Rio de Janeiro e de São Paulo

Reeleicao O governador Dante de Oliveira (PDT-MT) e mais quatro deputados do PDT foram expulsos nesta quarta-feira da legenda por terem ajudado o governo a aprovar a reeleição. Apesar da orientação do Diretório Nacional condenando a emenda, o governador circulou pelo Congresso pedindo votos para o governo. Cinco deputados pedetistas ainda votaram a favor do direito de FHC disputar um novo mandato. O comportamento foi considerado "transgressão gravíssima" pela Comissão de Ética da Executiva do partido.

O líder do PDT na Câmara, deputado Matheus Schmidt (PDT-RS), acusou os parlamentares dissidentes de terem sido comprados pelo governo. "Só pode ter sido pressão. FHC conversou com eles. Não sei o que receberam. São coisas muito pessoais e eu não entrei nessa parte dos negócios escusos", disse Schmidt. Além de do governador, foram expulsos os deputados Wilson Braga (PB), Luíz Durão (ES), Vicente André Gomes (PE) e Serafim Venzon (SC).

O líder afirmou que contava com a obstrução de todos os 25 deputados de sua bancada, conforme estratégia traçada pela esquerda para tentar barrar a reeleição. Mesmo assim, admitiu que os votos favoráveis ao governo não foram uma surpresa. "Cada líder fez uma estimativa em sua bancada e chegamos aos 220 nomes divulgados. Mas a carne é fraca e, nesse momento, muitos acabam se entregando." Segundo Carlos Lupi, da Executiva Nacional pedetista, só na atual legislatura, o partido já expulsou cerca de 10 deputados por desobediência.

Deputados se
filiam ao PSDB

Os deputados federais do Paraná Basílio Villani (PPB), Odílio Balbinotti (PTB) e Renato Johnson (PPB) se filiaram no início da tarde desta quarta-feira, em Brasília, ao PSDB -partido do presidente Fernando Henrique Cardoso. O líder tucano na Câmara, José Aníbal (SP), participou da cerimônia de filiação. Os três votaram na noite de terça-feira a favor da emenda que permite a reeleição de presidente da República, governadores e prefeitos.

Dirceu considera
emenda um retrocesso

"Um retrocesso na democracia brasileira." Foi assim que o presidente nacional do PT, José Dirceu, definiu a aprovação da emenda da reeleição na Câmara dos Deputados. Segundo ele, o Congresso deu ao presidente Fernando Henrique Cardoso o direito de mudar as regras do jogo. O líder petista disse que a reeleição não tem dado certo em outros países, e citou os casos da Argentina e do Peru.

Na opinião de José Dirceu, o país caminha para um autoritarismo civil, ressaltando que o governo ameaça acabar com o segundo turno, o voto obrigatório e com o direito de coligação proporcional.

O fundador e ex-presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que seu partido deverá lançar um candidato nas eleições do próximo ano para enfrentar o presidente Fernando Henrique. Apesar de ter conseguido aprovar em primeiro turno a emenda da reeleição, advertiu o líder petista, "Fernando Henrique estará mais vulnerável do que em 94, porque terá de fazer as reformas e mexer na economia para defender o Plano Real".

Lula negou que pretenda concorrer, pela terceira vez, ao Palácio do Planalto, mas não afastou de todo essa possibilidade. "Como candidato ou como cabo eleitoral, estarei na campanha de qualquer jeito", anunciou, depois de assegurar que tem aconselhado os companheiros de partido a buscar uma alternativa para seu nome. A solução, observou o petista, poderia vir de uma aliança do PT com outras forças de esquerda e de centro-esquerda.

Sem descompatibilização, prevê Lula, o presidente da República leva vantagem na disputa da reeleição. "Mas não acredito que seja imbatível", afirmou. "O presidente da República antecipou as eleições em dois anos e tudo o que fizer, de agora em diante, será considerado peça de campanha", disse Lula.

Iris não
se sente derrotado

O senador Iris Resende disse que não se sente derrotado diante da vitória do governo. Ele lembrou que o PMDB foi fiel à decisão da convenção nacional do partido. O senador tem certeza de que nas próximas votações os parlamentares peemedebistas estarão livres para decidir se votarão contra ou a favor do projeto.

Em relação a Antônio Carlos Magalhães, seu adversário na disputa pela presidência do Senado, Resende não acredita que ele tenha saído fortalecido depois da aprovação da emenda. Para Iris Resende, o Senado é uma casa sensata e de muito equilíbrio e não se emociona com o que chamou de um acontecimento tão passageiro.

Maluf cobra velocidade
na aprovação das reformas

O ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PPB) disse que vai cobrar do governo federal e do Congresso a aprovação das reformas constitucionais na mesma velocidade em que foi votada em primeiro turno, na Câmara, a emenda da reeleição. "O governo mostrou que quando ele quer, ele tem vontade política, ele aprova. Então nós vamos cobrar a reforma tributária, fiscal, administrativa e previdenciária que interessam ao Brasil com a mesma velocidade que eles aprovam as coisas que interessam a eles próprios", disse Maluf durante entrevista coletiva em São Paulo.

Perguntado se os deputados do seu partido, PPB, que votaram a favor da emenda sofreriam algum tipo de retaliação, Maluf se limitou a dizer que "dentro do partido havia uma recomendação, mas a questão não estava fechada". Segundo Maluf, cada um votou de acordo com os seus pontos de vista, "de acordo com a sua consciência".

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