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Senador prevê votação fácil da reeleição

Agência Folha/AJB 30/01/97 20h07
De Brasília

Reeleicao O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), candidato do PFL à presidência do Senado, já fala como virtual vencedor. Ele afirmou, nesta quinta-feira (30) que a rebeldia dos senadores do PMDB contra a votação da emenda da reeleição favoreceu sua candidatura. ACM disse que a emenda da reeleição vai ser aprovada com facilidade no Senado e que logo após sua eventual posse -"na quarta ou quinta-feira"- já vai começar a negociar com as lideranças partidárias para que a tramitação seja rápida.

"Como todos os meus amigos votaram a favor da reeleição, acho que minha situação está melhor. Conto com forças políticas que me dão a segurança da vitória", disse. Segundo ACM, seu discurso de posse já "está na cabeça". O outro candidato, Iris Rezende (PMDB-GO), que saiu desgastado após defender o adiamento da votação da reeleição, telefonou ao presidente Fernando Henrique Cardoso para pedir novamente que o PSDB não feche questão apoiando ACM.

Seu gesto foi criticado por senadores do PFL e do PSDB. Eles acham que Rezende não tinha o direito de pedir que FHC não interfira na sucessão do Senado, porque foi contra a aprovação da reeleição antes da eleição dos presidentes das duas Casas (Câmara e Senado). O candidato do PMDB defende que a bancada tucana seja liberada para que cada senador vote no candidato de sua preferência. "Telefonei ao presidente para pedir isenção do governo na sucessão do Senado", disse Rezende. O PSDB tem 13 senadores, que podem definir a eleição.

O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), afirmou que somente na próxima segunda-feira, véspera da eleição, a bancada decide se formaliza ou não apoio a um dos candidatos. Na sua opinião, o partido tem de fechar questão. Mas há senadores tucanos, como José Serra (SP), a favor da liberação da bancada.

Os quatro partidos de oposição do Senado (PT, PDT, PPS e PSB) formalizaram a criação de um bloco parlamentar, para fortalecer a ação das quatro legendas. Juntas, elas têm 11 senadores e terão a quarta maior bancada. "Formamos o bloco para contestar o ditado segundo o qual as esquerdas só se unem na cadeia. Elas se unem também no Senado", disse o líder do PT, José Eduardo Dutra (SE).

Como quarta maior bancada do Senado, o bloco terá direito a ocupar a segunda vice-presidência da Casa (quarto cargo mais importante da Mesa) e a presidência de uma comissão temática, que deverá ser a de Assuntos Sociais.

Paes de Andrade oferece
apoio integral a Temer

O presidente nacional do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), afirmou que o candidato do partido à presidência da Câmara, Michel Temer (SP), terá o apoio integral da bancada: "Não haverá uma única defecção ", disse. A declaração foi recebida pelo grupo de Temer como um reforço importante à sua candidatura. Eles temiam que houvesse dissidências no partido por causa do racha ocorrido na votação da reeleição.

Temer garantiu 67 votos pró-governo. Os dissidentes foram liderados por Paes e pelos senadores que queriam o adiamento da votação para depois de 15 de fevereiro. Paes disse que o episódio não vai interferir na eleição de Temer: "Retirei a minha candidatura para forjar a unidade do partido. Ao fazer isso, assumi o compromisso de trabalhar pela candidatura de Temer."

O presidente do PMDB disse que o partido não sofrerá rupturas em consequência da aprovação da reeleição: "Pensam que atingiram o peito do PMDB. Mas a espinha dorsal do partido está intacta." Paes afirmou que não teme a perda de parlamentares para o PSDB. "Não haverá deserções. O projeto de poder do PMDB permanece intacto. Teremos candidato a presidente da República e a governador em todos os Estados."

Apesar do otimismo de Paes, algumas lideranças do PMDB têm contas mais modestas. O presidente do partido fala que Temer terá os cem votos da bancada. O deputado João Almeida (BA) acredita em 95. "Hoje, temos 90 votos certos, mas as perdas não passarão de 5% até o dia da votação. Eu tenho condições de trabalhar três votos", disse o deputado que votou contra a emenda da reeleição.

O grupo de Temer trabalhava na manhã desta quinta com uma margem de 85 votos no PMDB. Com a informação de que Paes está firme na campanha, admitiram que o número vai facilmente para 90 ou 95 votos.

Um dia depois de comparecer a um jantar em homenagem ao deputado Michel Temer (PMDB-SP), o presidente Fernando Henrique Cardoso tentou dissimular o apoio do governo ao pemedebista na eleição para a presidência da Câmara, dizendo que se manterá distante da disputa. "Isso não é assunto meu", disse o presidente, após participar, no Palácio do Planalto, de uma solenidade de assinatura do contrato de energia elétrica entre o Brasil e o Uruguai.

O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), marcou para a próxima quarta-feira, dia 5, a eleição para a presidência da Casa. Até lá, os deputados estão livres para permanecer em seus Estados. Desde esta quinta-feira não há sessões com votações marcadas e os deputados não precisam registrar suas presenças para efeito de corte de salário ou perda de mandato.

Durante o período de convocação extraordinária, de 6 de janeiro a 6 de fevereiro, a Câmara praticamente resumiu suas votações à aprovação, em primeiro turno, da emenda que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. O custo total da convocação do Congresso foi de R$ 40 milhões, aproximadamente.

Depois do dia 5, os deputados terão mais 11 dias de "férias", incluindo o Carnaval. Durante esse período, não serão marcadas sessões para votações. Os trabalhos na Câmara voltarão no dia 17 de fevereiro, já com o novo presidente da Casa.

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