E S P E C I A L
Reeleição

Os mandatos na história
O Brasil teve 32 presidentes, incluindo os mandatários interinos. Destes, só 15 foram eleitos diretamente. O que nunca houve foi presidente reeleito para mandato consecutivo

1889
Marechal Deodoro proclama a República, tenta um mandato de seis anos, ganha do Congresso um de quatro, mas acaba ficando só dois anos

1891
Deposto quando tenta um golpe de Estado, Deodoro é substituído por Floriano Peixoto, seu vice, que governa por três anos.

1894
Prudente de Morais inicia um ciclo que combina estabilidade de mandatos com pouca participação popular. Até o fim da República Velha, ele e seus sucessores deviam cumprir mandatos de quatro anos. Só 2,2% da população tem título de eleitor. Hoje são 63%;

1918
Doze anos depois de encerrar o primeiro mandato, Rodrigues Alves é eleito novamente, mas pega a gripe espanhola e morre antes da posse. Seu vice, Delfim Moreira, governa por oito meses, período em que elege Epitácio Pessoa. Delfim Moreira era louco varrido, mas não foi por isso que ficou pouco tempo no governo. É que a Constituição assim determinava no caso de morte do titular antes de dois anos de mandato.

1926
Washington Luís toma posse. É deposto em outubro de 1930, dias antes do fim de seu mandato, pela Revolução.

1930
Getúlio Vargas assume o governo provisório, sem mandato fixado. Em 1934, é eleito por uma Assembléia Constituinte, com mandato de quatro anos.

1937
A um ano do fim do mandato, Getúlio fecha o Congresso e impõe uma nova Carta, que prevê mandato de seis anos, mas ele só deixara o governo em 1945, deposto.

1945
Os militares que depuseram Getúlio entregaram o governo ao presidente do Supremo Tribunal Federal, que convoca eleições. O general Dutra é eleito. Toma posse em janeiro de 1946, mas seu mandato, de cinco anos, só é fixado com a nova Constituição, promulgada em setembro.

1951
Eleito com 59% dos votos válidos, Getúlio Vargas assume novamente a Presidência. Seu mandato se encerra dois anos antes, com um tiro no peito.

1956
Juscelino Kubitschek é o único presidente eleito sob as regras da Constituição de 1946 que consegue cumprir todo o mandato. Fica cinco anos no poder.

1961
Após sete meses de mandato, Jânio Quadro renuncia. O vice João Goulart assume, mas será deposto dois anos e sete meses depois, por um golpe militar.

1964
Castello Branco deveria deixar o governo em 1966, mas ficou até 1967.

1967
Costa e Silva assume com mandato de quatro anos. Quando morre, em 1969, o vice, Pedro Aleixo, é impedido de assumir.

1969
O Congresso elege presidente o general Emílo Garrastazu Médici. O mandato presidencial é espichado em cinco meses.

1974
Médici passa o governo ao general Ernesto Geisel. Em 1977, Geisel fecha o Congresso e baixa um pacote de medidas, entre elas a ampliação do mandato de seu sucessor, que passa de cinco para seis anos.

1985
Sarney toma posse com um mandato de seis anos. A Constituinte de 1988 tenta reduzi-lo para quatro, ele brica e fica com cinco.

1992
Eleito por cinco anos, Collor renuncia para não sofrer impeachment, após dois anos e nove meses de mandato.

1993
Na revisão constitucional, o Congresso reduz de cinco para quatro anos o mandato de presidente. E impede a reeleição.

1995
Em fevereiro chega ao Congresso a emenda do deputado Mendonça Filho, proponto a reeleição de Fernando Henrique.

Fonte: "Veja", 15/01/97