Julgamento volta
a ser suspenso


Da Redação
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O julgamento dos policiais militares acusados de matar 19 trabalhadores rurais sem terra em abril de 1996 foi retomado nesta sexta-feira (27) e suspenso logo em seguida.

O promotor Marco Aurélio Nascimento, logo após o reinício do julgamento, pediu novamente a sua suspensão.

Ele alega que o juiz Ronaldo Valle não tem mais isenção para comandar o maior julgamento da história do país em número de réus: 150 PMs.

Como o Tribunal de Justiça do Pará ainda não julgou os pedidos de suspensão da sentença que absolveu os três comandantes da operação que resultou no massacre, o juiz foi obrigado, por lei, a atender ao pedido do promotor.

Como são muitos réus, o julgamento foi dividido em 27 partes. Na primeira, os comandantes foram absolvidos. Nesta sexta-feira, três sargentos iriam se sentar no banco dos réus.

O juiz disse que a medida do promotor não passa de uma manobra para adiar o julgamento.

Além dos dois recursos para adiar o resultado do julgamento dos oficiais, há pedidos para a suspensão de todo o processo. A avaliação dos pedidos por parte do Tribunal de Justiça do Pará deve levar pelo menos dois meses.

As informações são da Globo News.

O julgamento havia suspenso pela primeira vez logo após a absolvição, semana passada, dos três oficiais que comandaram a ação policial que resultou na morte dos 19 sem-terra.

O promotor Marco Aurélio Nascimento, responsável pela acusação dos 150 policiais militares envolvidos no caso do massacre, abandonou o tribunal na última sexta-feira (20). Disse, na época, que somente voltaria depois de julgado o pedido de anulação da sessão de quarta-feira (18). Na ocasião, três comandantes da PM foram inocentados por insuficiência de provas. Mas ele decidiu retornar ao tribunal e esperar que a Justiça julgue seu pedido.

Para Nascimento, houve quatro fatos durante o julgamento do coronel Mário Colares Pantoja, do major José Maria Oliveira e do capitão Raimundo Almendra Lameira que podem anulá-lo.

As duas principais queixas são a questão feita aos jurados sobre a insuficiência de provas e as afirmações do jurado Sílvio Queiroz Mendonça nas últimas perguntas antes da votação. Os jurados não podem emitir opinião durante o julgamento. Além disso, há a questão sobre insuficiência de provas, que acabou absolvendo os réus.

O presidente Fernando Henrique Cardoso lamentou o resultado do julgamento. O secretário nacional de Direitos Humanos, José Gregori, disse que a decisão do júri de absolver os comandantes da PM do Pará não deve ser lamentada, mas sim anulada.

O comandante da operação, coronel Mário Colares Pantoja, foi absolvido por 4 votos a 3. O major José Maria Oliveira e o capitão Raimundo José Almendra também foram inocentados, ambos por 5 votos a 2. Os jurados consideraram que as provas contra os três eram insuficientes.