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Conheça o perfil dos ministros de FHC
 

AJB 23/12/98 18h56
De Brasília

O deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ), ex-ministro da Fazenda no governo Sarney e ex-ministro da Indústria e Comércio no governo Fernando Henrique, estabelecerá um recorde ao assumir, a partir de janeiro, a pasta do Trabalho e Emprego. É o único membro da equipe que ocupou três ministérios diferentes. O ministério do Trabalho entrou na cota do PPB para compensar a perda do ministério da Indústria e Comércio, transformado no novo ministério do Desenvolvimento comandado por Celso lafer.

O ministro da Administração, Luís Carlos Bresser Pereira, garantiu a sua permanência no cargo no segundo governo migrando para a pasta de Ciência e Tecnologia. Este ano, ele já havia se afastado do primeiro escalão do governo para ser o tesoureiro da campanha de reeleição de FHC. Ex-ministro da Fazenda no governo
Sarney, Bresser comandou nos últimos quatro anos todo o processo de reforma administrativa, que, quando regulamentado, permitirá a demissão de servidores estáveis.

O ministro do Planejamento, Paulo Paiva, permanecerá no cargo, mantendo o status de ministro, para contentar o PTB, que ameaçava abrir uma dissidência na base governista no Congresso caso não continuasse representado no primeiro escalão. A pasta teve seu nome mudado para ministério de Orçamento e Gestão, e foi esvaziada, perdendo o BNDES, o IBGE, o IPEA, a secretaria de Políticas Regionais e as superintendências de desenvolvimento.

O empresário Andrea Matarazzo, escolhido para a Secretaria de Estado de Comunicação de Governo, confirma a tradição do presidente Fernando Henrique Cardoso de privilegiar a seção paulista do PSDB ao escolher nomes para o primeiro escalão. Matarazzo foi
secretário de Energia do governador Mário Covas, coordenando o processo de venda da Eletropaulo, da CPFL e de parte da CESP. Saiu do secretariado para comandar a campanha de reeleição de FHC. Chefiará a partir de 1999 todo a parte de divulgação institucional do governo, inclusive verbas publicitárias.

O deputado federal eleito Pimenta da Veiga (PSDB-MG) vai assumir o Ministério das Comunicações com a missão de transformar a pasta em um dos eixos de articulação política do governo. A idéia inicial de FHC era criar uma secretaria de Assuntos Políticos, para a qual foi convidado o presidente da Itaipu Binacional, Euclides
Scalco, que recusou o cargo. Ex-presidente nacional do partido, Pimenta da Veiga renunciou ao posto quando se desentendeu com o então ministro das Comunicações, Sérgio Motta.

Economista por formação e ex-reitor da Unicamp, o ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, foi confirmado no cargo depois de ter seu nome cogitado para ocupar a pasta do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio. É um dos membros da equipe ministerial com maior proximidade junto a FHC. Discretamente, sempre participou da coordenação política do governo.

Ex-secretário-executivo do Ministério do Planejamento e ex-presidente do Ibama, o ministro da Reforma Agrária, Raul Jungmann, comprovou a sua versatilidade e teve o seu desempenho reconhecido pelo presidente em várias ocasiões. Foi um dos raros ministros a ter a deferência de ver o seu nome confirmado pelo próprio presidente em uma solenidade da pasta.
Fernando Henrique, contudo, disse que ao longo de 1999 a estrutura da pasta deverá mudar, com uma interação com o ministério da Agricultura ainda não definida.

O ministro da Agricultura, Francisco Turra, indicado pelo PPB em março deste ano, conseguiu manter-se no primeiro escalão do governo já que a disputa pelo cargo estava dividindo o seu partido. Turra é da seção gaúcha do partido e foi presidente da Conab até ser convidado para o ministério. De carreira política discreta, concorreu, sem sucesso, a uma cadeira de deputado federal em 1994.

O ministro da Cultura, Francisco Weffort, permanecerá no primeiro escalão, já que sua pasta não atrai interesses políticos da base aliada ao governo. Weffort foi fundador do PT e secretário-geral da legenda no início da década de 80. Em 82 e 86, concorreu, sem sucesso, a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PT. Uma de suas prioridades no próximo ano será o combate à pirataria nos meios eletrônicos.

Prefeito de Curitiba entre 1993 e 1996, o deputado eleito Rafael Grecca (PFL-PR) irá comandar o novo Ministério de Esportes e Turismo como uma maneira de FHC atender ao governador paranaense Jaime Lerner, que perdeu espaço no ministério com a saída do ministro da Previdência, Reinhold Stephanes, em 1998. Grecca é profundamente ligado a
Lerner, tendo deixado de concorrer ao Senado este ano atendendo a um pedido pessoal do governador, que precisava da vaga para composições políticas.

Líder do governo no Senado durante todo o primeiro mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso, o senador Élcio Álvares (PFL-ES) jamais perdeu uma votação para o governo na Casa, mas fracassou na votação que mais o interessava: a reeleição para o Senado no Espírito Santo. Por gratidão, Fernando Henrique o convidou para ocupar o novo Ministério da Defesa, que deverá demorar para estar plenamente implementado.

O economista Rodolfo Tourinho Dantas, ex-secretário da Fazenda da Bahia, será o novo ministro das Minas e Energia, substituindo Raimundo Brito, também do PFL baiano. A previsão é que Tourinho dê um impulso significativo no processo de privatização das geradoras de eletricidade, como Furnas e CHESF. Inicialmente, Tourinho estava quase confirmado como presidente do BNDES, mas a idéia implodiu quando o escândalo das fitas afastou o então ministro das Comunicações Luís Carlos Mendonça de Barros do novo ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio.

O senador Renan Calheiros, do PMDB alagoano, irá continuar no Ministério da Justiça, onde conseguiu superar as dificuldades iniciais causadas pelas suas antigas ligações com o ex-presidente Fernando Collor com a sua capacidade de gerar fatos de impacto na mídia dentro do ministério. Em nove meses, Calheiros perseguiu agiotas, repatriou prostitutas brasileiras, brigou com os supermercados exigindo a etiquetagem de produtos e formalizou um acordo para acabar com o overbooking na venda de passagens aéreas.

O deputado Sarney Filho (PFL-MA) comandará o Ministério do Meio Ambiente, representando o grupo político do ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) dentro do ministério. Por isso, não foi considerado pelo PFL como um ministro de sua cota. Sarney Filho irá assumir uma pasta enfraquecida, com a perda da área de Recursos Hídricos para o ministério de Políticas Regionais. O deputado foi presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara.

O secretário de Políticas Regionais, Ovídio de Angelis permanece no cargo, com o poder reforçado: além de ver a secretaria transformada em ministério, passará também a responder pela área de Recursos Hídricos. Secretário de Planejamento de Goiás no governo de Maguito Vilella (PMDB), Ovídio representa hoje a última fatia de poder que resta ao PMDB goiano, abalado com a inesperada derrota ao governo do Estado do senador Íris Rezende este ano.

O ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Sardenberg, permanecerá na equipe, mas a sua pasta foi extinta. Ele ficará como ministro extraordinário para Assuntos Especiais, responsável pela condução de temas sob responsabilidade da SAE, como o Sistema Integrado de Vigilância Amazônica (SIVAM), o projeto Calha Norte e os estudos para redivisão territorial do País. Sardenberg é diplomata e se tornou próximo a Fernando Henrique quando este era chanceler. Era em sua casa nos Estados Unidos que o hoje presidente se encontrava quando recebeu o convite para assumir o ministério da Fazenda.

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, foi o primeiro nome da equipe ministerial a ter a sua permanência confirmada oficialmente, antes mesmo da reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Com ele, também fica o presidente do Banco Central, Gustavo Franco. Apesar da pressão de setores empresariais, a pasta da Fazenda não sai enfraquecida ante a criação do ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio, mantendo sob seu controle o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

O ministro do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio, Celso Lafer, é o terceiro integrante da equipe ministerial do ex-presidente Fernando Collor que é chamado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso a compor o governo, depois dos ex-ministros Adib Jatene (Saúde) e Reinhold Stephanes (Previdência). Atualmente, Lafer era o representante brasileiro em Genebra junto a organismos internacionais.

O chanceler Luís Felipe Lampreia permanece na pasta de Relações Exteriores, depois de uma grande troca de cadeiras entre diplomatas no comando das mais importantes missões no exterior. Lampreia foi secretário-geral da pasta em 1992, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso era chanceler do governo Itamar Franco, substituiu-o interinamente em 1993 e está no comando do Itamaraty desde 1995.



O ministro da Saúde, José Serra, continuará no cargo que ocupa desde março de 1998. Economista e ex-ministro do Planejamento do presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra também era cotado para ocupar a pasta do Desenvolvimento da Indústria e Comércio. Senador licenciado, o ministro é visto como um potencial candidato do PSDB à presidência em 2002 ou ao governo do estado de São Paulo.


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