Descrição de chapéu Primeira vez

Trump e Biden apareceram pela 1ª vez na Folha há 45 anos

Em 1975, Trump se tornava magnata imobiliário, e Biden já ocupava cadeira no Senado

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São Paulo

Os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump e Joe Biden, apareceram pela primeira vez na Folha no mesmo ano, 1975. O republicano e o democrata trilhavam então caminhos bem diferentes.

Em Nova York, Trump, eleito em 2016 o 45º presidente dos EUA, começava sua vida executiva assumindo a gestão dos negócios da família. Em Delaware, Biden se tornava o quinto senador mais jovem eleito na história do país.

telão em bar estilo pub mostra imagem de trump e biden se encarando
Primeiro debate entre Trump e Biden é exibido em telão no Walters Sports Bar, em Washington - Sarah Silbiger - 29.set.2020/AFP/Getty Images

Em abril de 1975, Trump estreou nas páginas do jornal quando anunciou o interesse de dois grupos comerciais árabes pela compra do Madison Square Garden (MSG), o gigante complexo de escritórios e palco de eventos culturais, esportivos e políticos na cidade de Nova York.

Um ano antes, em 1974, Trump, aos 29 anos e recém-formado em economia pela Universidade da Pensilvânia, havia assumido o controle dos negócios de seu pai, Fred Trump, no ramo imobiliário.

Mais tarde, ele rebatizou o conjunto de empreendimentos como Trump Organization, hoje um conglomerado internacional de propriedades de luxo. Fundada oficialmente em 1923, a empresa tinha como foco a construção de imóveis para moradia popular.

Em 1973, após diversas denúncias de discriminação racial na gestão de 39 edifícios (estima-se que a organização gerenciava entre 10 mil e 22 mil imóveis), Trump e o pai foram processados pelo Departamento de Justiça dos EUA por violação do Fair Housing Act (lei da moradia justa), que proíbe discriminações de qualquer tipo na compra, locação ou financiamento de imóveis.

O processo foi encerrado dois anos depois em um acordo entre as partes que não exigiu admissão de culpa da família Trump.

Na presidência da organização, Donald Trump capitaneou uma guinada expansiva e passou a investir em hotéis e residências de luxo, em especial na ilha de Manhattan, em Nova York, e em cidades menores, como Atlantic City —espécie de pequena Las Vegas, é também popular por seus cassinos e hotéis.

Em 1975, Trump atuava também como conselheiro imobiliário da arena de espetáculos nova-iorquina, conhecida como MSG.

Ao declarar o interesse dos dois grupos árabes pela compra, ele não os nomeou, indicando apenas que ambos possuíam ligação com o ramo do petróleo e que estavam dispostos a pagar o preço pelo MSG: US$ 60 milhões.

A negociação não avançou, desfecho que a nota publicada pela Folha já sugeria, pois nela o proprietário do MSG declarava que não podia “imaginar a venda do complexo para interesses árabes”, esfriando o anúncio de seu consultor Donald Trump.

reprodução de página de jornal em preto e branco
Nota publicada na Folha em 16 de abril de 1975 traz anúncio de interesse de grupos comerciais árabes na compra de complexo de espetáculos - Acervo Folha

O MSG foi vendido dois anos depois para a Gulf and Western Industries, conglomerado também responsável pela reforma que ampliou a Trump Tower, sede da organização da família, em 1997.

Enquanto Trump desbravava o mercado imobiliário, Joe Biden atuava como senador, eleito aos 29 anos pelo estado de Delaware, onde foi criado.

Biden completava dois anos do primeiro de seus sete mandatos consecutivos quando apareceu nas páginas da Folha pela primeira vez, também em abril de 1975, às vésperas do fim da Guerra do Vietnã.

Em comum naquele período, de fato, os candidatos têm a dispensa, por motivos de saúde, da guerra contra o país asiático. O republicano foi dispensado por um problema ósseo chamado osteofitose; o democrata, devido à asma.

Em 1975, Biden foi um dos únicos dois senadores a votar contra o pacote de US$ 200 milhões para auxílio humanitário às vítimas da guerra e aos aliados norte-americanos refugiados no Vietnã do Sul.

Seu argumento era que os EUA não tinham “nenhuma obrigação de auxiliar estrangeiros”. Para ele, os esforços do país deveriam se voltar à retirada de suas tropas e ao fim definitivo da guerra.

A Comissão das Relações Exteriores do Senado também pedia o cessar-fogo, como mostra a reportagem da Folha.

reprodução de página de jornal em preto e branco
Reportagem da Folha publicada em 19 de abril de 1975 relata decisão da Comissão de Relações Exteriores do senado dos EUA - Acervo Folha

A atuação de Biden no Senado foi notadamente focada nas relações internacionais. O senador democrata cumpriu dois mandatos como presidente da Comissão de Relações Exteriores e ficou conhecido por seus posicionamentos contundentes acerca do tema.

Como vice-presidente de Barack Obama, eleito em 2008 e reeleito em 2012, Biden teve papel importante na articulação das políticas norte-americanas no Iraque e era um conselheiro ativo do presidente para assuntos internos e externos.

Em 2020, Trump busca a reeleição contra Biden em uma disputa acirrada num contexto em que o país registra mais de 9 milhões de casos de Covid-19 e mais de 230 mil mortes.

A rejeição ao presidente, em especial por sua má gestão da pandemia, chegou a 53%, segundo o site especializado FiveThirtyEight.

Apesar do democrata estar à frente nas pesquisas, o resultado do pleito ainda é imprevisível, devido ao sistema de eleição indireta. Se Trump conquistar a maioria nos chamados estados-pêndulo, pode ser reeleito mesmo sem atingir a maioria dos votos populares em âmbito nacional.

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