Descrição de chapéu Primeira vez

Kamala era favorita a possível vaga na Suprema Corte na 1ª aparição na Folha

Vice-presidente, que toma posse nesta quarta (20), foi mencionada em texto de 2012

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São Paulo

A primeira vez que o nome de Kamala Harris apareceu nas páginas da Folha foi em 2012, quando ela, que toma posse hoje (20) como vice-presidente dos Estados Unidos, despontava como favorita a uma eventual vaga na Suprema Corte do país (equivalente ao STF).

Ela era, à época, a procuradora-geral da Califórnia, eleita em 2010 também como mulher negra pioneira no cargo, ocupado apenas por homens brancos por 160 anos.

O texto foi publicado em 30 de dezembro de 2012, semanas depois da reeleição de Barack Obama para seu segundo mandato, e complementava uma outra reportagem sobre as indicações à corte como legado do presidente. Foi assinado por Luciana Coelho, hoje editora do Núcleo de Cidades e correspondente em Washington naquela época.

Reprodução da Folha de 30 de dezembro de 2012
Reprodução da Folha de 30 de dezembro de 2012 - Reprodução

As previsões eram de que o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos daria preferência a mulheres e minorias —no primeiro mandato, ele já havia indicado duas mulheres progressistas.

A perspectiva, embora distante, era de que quatro magistrados com mais de 70 anos se aposentariam ainda durante seu segundo mandato, o que daria a chance ao presidente de reverter o domínio dos conservadores na casa.

As possíveis indicações de Obama, no entanto, nunca ocorreram (a aposentadoria é decisão dos próprios magistrados). Ironicamente, coube ao seu nêmesis identitário Donald Trump a escolha de três novos nomes que consolidaram a maioria republicana da corte.

A última indicação dele, a conservadora católica Amy Coney Barrett para o lugar de Ruth Bader Ginsburg, ícone progressista morta em setembro do ano passado, aos 87 anos, foi feita às pressas por Trump e ocorreu pouco antes das eleições que consolidaram sua derrota para Joe Biden e Kamala.

Além da vaga na Suprema Corte, a atual vice-presidente também era cotada para concorrer ao governo do estado.

Depois do texto publicado em 2012 na Folha, porém, Kamala foi reeleita para o cargo de procuradora-geral da Califórnia e, em 2016, chegou ao Senado. Novamente abrindo caminho e, embora o estado tenha tradição progressista e predomínio democrata, ela foi a primeira senadora negra eleita pela Califórnia.

Nascida em Oakland, no mesmo estado onde construiu sua carreira política, e filha de uma oncologista indiana e um economista jamaicano, Kamala cruzou o país para estudar direito na Universidade Howard, em Washington, onde foi eleita como representante em um conselho estudantil quando ainda era caloura.

A universidade foi criada em 1867 e é uma das mais tradicionais instituições de ensino superior dos Estados Unidos dedicada à população negra.

Segundo Luciana Coelho, nesse período como procuradora-geral, Kamala não falava como ativista ligada às minorias identitárias —como também não fazia Obama, aliás— ainda que não tivesse deixado de se posicionar publicamente com orientação progressista.

“Ela era contestada por suas posições pela ala mais progressista, e nunca foi super popular, nunca foi uma unanimidade”, diz a jornalista, que cobriu a política em Washington entre 2011 e 2013.

Sua candidatura à Presidência nas primárias democratas, antes de se tornar vice de Biden, fez renovar as críticas por analistas e movimentos mais à esquerda sobre algumas de suas decisões enquanto procuradora-geral relativas ao sistema prisional e outros temas caros aos progressistas.

Coelho também lembra que a vice-presidente é uma mulher que não carregava os estereótipos do que era esperado, de modo geral, pela política e o eleitorado americanos.

Kamala casou-se quase aos 50 anos, bem acima da média do país de 27,9 anos ao primeiro casamento, e deixava evidente suas ambições. “O eleitorado trata muito mal mulheres ambiciosas e costuma achar que elas devem ser tuteladas por um pai, um marido”, diz a jornalista.

Como Biden tem se apresentado como líder de transição e terá 82 anos no fim de seu mandato, Kamala aparece como nome mais evidente para encabeçar a chapa em 2024, o que a colocaria mais uma vez como pioneira e primeira mulher presidente, em caso de vitória.

Para se manter como favorita e conquistar a possível vaga, desta vez à Presidência, Kamala vai depender apenas de seus planos e habilidade política enquanto vice.

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