China apareceu pela primeira vez na Folha cinco dias após surgimento do jornal

Texto tinha como foco feira industrial no Reino Unido

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São Paulo

Na primeira vez em que a China apareceu nas páginas da Folha a reportagem não tinha o país como foco, mas sim o Reino Unido.

A menção ocorreu em 24 de fevereiro de 1921, apenas cinco dias depois do surgimento do jornal, em 19 de fevereiro daquele ano. Na página 3 daquela edição, uma nota tinha como título “A grande feira industrial --Os progressos da indústria britannica”, como na grafia da época (preservada em todo este texto).

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Na segunda-feira, 21, o evento havia começado em Londres.

“Os negociantes estrangeiros e as delegações commerciais que vieram de todos os pontos do globo para visitar a grande feira industrial compararam-na a um vastíssimo mercado urbano”, dizia o texto.

A feira marcava, segundo o relato, a “evolução da indústria nacional” inglesa. E citava como exemplo negócios com o país oriental.

“Os negociantes chinezes, para citar um exemplo dentre milhares, não se queixaram mais de que os copos para ovos, aqui fabricados, são demasiadamente grandes para os ovos das gallinhas do seu paiz, por que agora foram fabricados modelos especiaes para os mercados da China”.

Na década de 1920, a indústria ainda era praticamente irrelevante para o PIB (Produto Interno Bruto) chinês. A produção de equipamentos e aparelhos não ultrapassava a de um estado do meio-oeste dos Estados Unidos, segundo relatório “A China como potência”, do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, em 2010.

Por isso, os chineses ainda buscavam as soluções no exterior --caso dos copos para ovos.

Em 1953, seguindo o modelo soviético, os chineses haviam implantado seu primeiro plano quinquenal de desenvolvimento, cujo objetivo incluía acelerar a industrialização. O país cresceu, mas não no ritmo desejado por Mao Tse-tung.

Em 1958, foi lançado o “Grande Salto Adiante”, um novo plano para incrementar a industrialização do país. A ambiciosa meta era “superar a Grã-Bretanha em apenas 15 anos”. Foram criadas comunas populares no campo, que deveriam produzir aço em pequenos fornos para fabricar ferramentas.

A política mais uma vez não deu certo, assim como a Revolução Cultural, em 1966. Ambas tiveram resultados desastrosos, com milhões de mortos pelo país.

Só em 1978 as reformas econômicas iniciadas por Deng Xiaoping, que ficou à frente do Partido Comunista Chinês até 1989, possibilitariam o avanço da indústria chinesa.

Em 2020, ano afetado pela pandemia de coronavírus, o setor industrial contribuiu com aproximadamente 39% do PIB chinês, segundo o Banco Mundial.

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