Feltrin criou site de entretenimento F5, que completa uma década

Jornalista também é autor de reportagem que revelou fraude na licitação do metrô em São Paulo

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São Paulo

O talento para escrever de Ricardo Feltrin, 58, foi apontado a ele por uma ex-namorada jornalista.

Em 1991, ela o avisou de que as inscrições para a 9ª turma de trainees da Folha estavam abertas. Feltrin se inscreveu, fez o curso e foi contratado para trabalhar como repórter e redator na Folha ABC (extinta editoria dedicada à cobertura da Grande São Paulo).

Entretanto, escrever bem não era seu único talento: já tocava piano aos cinco anos, aptidão que o levou a se tornar músico de bailes, restaurantes e hotéis. “Minha mãe só me deixava sair para a rua depois de ter estudado uma hora de piano por dia.”

homem branco toca um teclado em sua sala de estar
O jornalista Ricardo Feltrin toca teclado em seu apartamento no bairro de Perdizes, em São Paulo (SP) - Eduardo Knapp - 19.jul.2021/ Folhapress

Feltrin foi ainda técnico em cerâmica e professor na rede estadual de ensino. “Deixei de dar aulas assim que entrei na Folha. O salário do jornal era quatro vezes maior do que eu ganhava dando aulas em três escolas, mas eu não tinha segurança sendo jornalista.”

O que lhe trouxe essa segurança, diz, foi uma frase de Otavio Frias Filho (1957-2018) em uma palestra: “A coisa mais importante para qualquer veículo é o furo, uma história que ninguém tem”, disse o então diretor de Redação.

“Naquele momento, soube que isso eu sabia fazer e fiquei seguro”, afirma Feltrin.

Ele passou por diferentes funções em várias editorias: editor, redator, colunista e secretário de Redação de novas mídias. “Mas nunca deixei de ser repórter, buscando sempre o furo”. Entre eles, um sobre a Linha 5-Lilás do Metrô, que lhe rendeu o prêmio Folha em 2010. “Expôs um cartel que comandava as licitações.”

A regra de ouro para dar furos? “Cultivar fontes. Não tenho muitas, apenas umas dez que me acompanham nesses 30 anos como jornalista.”

Em 2003, tornou-se editor-chefe da Folha Online, que havia sido criada em 1999 e é embrião do atual site da Folha. Exerceu a função até 2009, quando passou a ocupar o cargo de secretário de Redação da Folha Online. Paralelamente a esse trabalho de coordenação, atuou no UOL como colunista especializado nos bastidores da TV.

Quando derrubaram as Torres Gêmeas, em 2001, fiquei três dias direto trabalhando no jornal

Ricardo Feltrin

sobre sua carreira na Folha


Em 2010, assumiu a função de secretário de Redação de novas mídias da Folha e se dedicou à implantação dos primeiros aplicativos do jornal. No ano seguinte, lançou o site de entretenimento F5, do qual foi o primeiro editor.

Voltado ao noticiário de celebridades, novelas e reality shows, além de oferecer dicas de beleza e estilo, o F5 está completando uma década de existência.

“Criei o F5 em um momento no qual os sites estavam usando letras. Surgiram R7, G1... Pensei: ‘Folha tem cinco letras, além de F5 ser a tecla do computador usada para atualizar as coisas’. Assim surgiu o site de entretenimento, fugindo completamente da fofoca”, lembra.

homem está sentado em banqueta e toma coca-cola
O jornalista Ricardo Feltrin, que trabalhou 23 anos na Folha - Eduardo Knapp - 19.jul.2021/ Folhapress

Uma das histórias de grande repercussão trazidas à luz nessa primeira fase do F5 envolvia Rafinha Bastos e a cantora Wanessa Camargo, que estava grávida. O humorista disse que “comeria ela e o bebê” e, anos depois, foi condenado a indenizar Wanessa e a família.

Das coberturas que realizou, Feltrin recorda-se, em especial, do massacre do Carandiru (1992), do impeachment de Fernando Collor (1992) e da morte de Ayrton Senna (1994). Também se lembra da morte do Papa João Paulo 2º (2005), que cobriu de Roma, e dos ataques do PCC em São Paulo (2006).

“Quando derrubaram as Torres Gêmeas, em 2001, fiquei três dias direto trabalhando no jornal. Você fecha a edição impressa e vai para casa. No online, não existe esse tempo, gera-se notícias o tempo todo.”

Em 2012, Feltrin deixou o cargo de editor do F5 para se tornar apenas colunista. “Decidi parar para escrever meu livro, ‘Como Lidar com Crises, Jornalistas e Outros Predadores’, explicando como funcionam as Redações, além das relações entre jornalistas e assessores de imprensa.”

Deixou a Folha e a coluna no F5 em 2014. Atualmente, é colunista do UOL e tem um canal no YouTube e um site com notícias sobre TV, música e cinema, além de temas como religião e bichos, sua grande paixão.

“Sou louco por patos. Quando era criança, minha mãe me serviu uma carne dizendo ser ‘patinho’. Chorei muito, pois não sabia que se tratava de uma carne bovina”, diz ele, dono de uma coleção desses bichos de borracha, muitos dados de presente pelo apresentador Gugu Liberato (1959-2019), que trazia um para ele sempre que viajava.

homem branco de cabelos grisalhos está sentado na frente de uma prateleira cheia de estatuetas de patos coloridos
O jornalista Ricardo Feltrin com sua coleção de patos de borracha - Eduardo Knapp - 19.jul.2021/Folhapress

Ricardo Luiz Feltrin da Silva, 58

Nascido em São Caetano do Sul (SP), é jornalista há 30 anos, dos quais 23 na Folha. Entrou em 1991 no jornal, no qual atuou como editor, redator e repórter, entre outras funções. Feltrin deixou a Folha em 2014. Atualmente tem, além de uma coluna no UOL, um site e um canal no YouTube.​

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